quinta-feira, 24 de junho de 2010
Sobre ouvir e dialogar
Hoje as pessoas têm evitado falar sobre si, abrir seus corações, e acabam também não ouvindo o outro. Escondem-se por trás de máscaras criadas pelo medo de não serem aceitas como são. Assim, os relacionamentos são levados aos “trancos e barrancos” porque ninguém conhece ninguém. Os casais se conhecem e se deixam conhecer cada vez menos. O diálogo inexiste em muitas famílias. Pais, mães e filhos sofrem calados a dor de não serem ouvidos e aceitos com suas singularidades, defeitos e qualidades. O trabalho aumenta, as atividades em geral aumentam e cada um com sua rotina, esquece do companheiro, dos filhos, dos amigos, dos pais e assim vão sentindo cada vez mais tristeza, angústia e solidão; sem perceberem que a solução para o problema está ali bem à sua frente. O medo não as deixa enxergar. Quando nos abrimos, quando dizemos ao outro coisas como: Eu te amo! Você me magoou. Eu te entendo. Você está chateado comigo? Como eu posso ser melhor para você? Eu te adoro! Você é importante para mim! Eu sei como você se sente, mas gostaria que conversássemos sobre isso, o outro se sente amado e que realmente nos importamos com ele. São coisas simples que podem resolver uma situação que foi criada pela falta de diálogo, incapacidade de ouvir e de ser sincero. Então, os consultórios dos psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da área, vão ficando lotados por pessoas que buscam a tão sonhada felicidade. Procuram por compreensão, afeto, amor, carinho, respeito, solidariedade, empatia. São muitas queixas sobre muitas faltas... E acontece que também na terapia várias pessoas não conseguem se abrir. Então se queixam que o terapeuta não fala. Mas na verdade, ele está lá para nos ouvir. Estamos tão desacostumados a ter alguém que nos ouça, que quando temos sentimos medo e estranheza. Temos também outra dificuldade que é a de olharmos para dentro de nós. Ficamos tão preocupados em apontarmos os erros nos outros que às vezes não enxergamos os nossos. O “autodiálogo” é muito importante. A capacidade de introspecção é algo fundamental para nossa saúde psíquica e para a construção de relacionamentos saudáveis e sólidos. Quando somos capazes de pensar sobre nossos sentimentos, angústias, frustrações e nossa própria história de vida, quando conseguimos ter um olhar crítico para cada peculiaridade nossa, damos um passo à frente no caminho da sabedoria e da maturidade. É através do diálogo consigo mesmo, que surge a autocrítica e a capacidade de rever situações e decisões e desta forma, voltar atrás nos erros ou seguir em frente nos acertos.
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