“Tomem cuidado com o forte apego exclusivo a uma outra pessoa; ele não é, como algumas pessoas pensam, prova da pureza do amor. Esse amor encapsulado, exclusivo – que se alimenta de si próprio, não se dedicando nem dando importância aos outros – está destinado a desmoronar sobre si mesmo. O amor não é apenas uma centelha de paixão entre duas pessoas; há uma distância infinita entre se apaixonar e permanecer apaixonado. Mais propriamente, o amor é um modo de ser, um “dar a”, não um “enamorar-se de”; um modo de se relacionar como um todo, não um ato limitado a uma única pessoa.” Yalom
Li este trecho no livro que estou lendo do Yalom “Vou chamar a polícia” e pensei muito a respeito. Ao meu ver, isto está relacionado ao tema que tratei no artigo “O mito do amor romântico”. Muitas pessoas se fecham em um relacionamento e aprisionam o outro, que se deixa aprisionar. Na grande maioria das vezes, as pessoas acreditam que aprisionando o outro e se deixando aprisionar, estarão protegidos dos “perigos” que o mundo de fora pode representar. Desta maneira não conseguem perceber que é justamente o contrário que acontece.
Muitos namorados e namoradas, maridos e esposas, que vivem relações “fechadas” se maravilham quando veem uma fresta que lhes mostra o mundo lá fora. E, tal como um cachorrinho, que ficou preso muitos anos em uma corrente, fica tão maravilhado com o que vê que quer correr para longe, ou vai fazer coisas que antes nunca pensou em fazer. Nesse turbilhão, acaba se perdendo, metendo os pés pelas mãos, pois liberdade exige responsabilidade e uma pessoa que ficou presa muito tempo, quando vê que pode ser livre novamente, não sabe como lidar com essa liberdade.
O relacionamento com outras pessoas, amigos(as) solteiros(as) ou casados(as), faz com possamos repensar muitas coisas em nossas vidas e desta maneira, melhorar aquilo que não está legal. Aprender com os erros dos outros é uma atitude muito madura e inteligente.
Além disso, nenhum de nós pode mesmo que com boa vontade, ser tudo o que o outro precisa. Aliás, essa é a desculpa que os parceiros(as) inventam para aprisionar o outro...
“Prometo-lhe ser tudo o que você precisar, prometo-lhe todo o amor que houver em meu coração”. Quanta ilusão! Como ser tudo o que o outro precisa? Para isso, precisaríamos ser Deus ou algo parecido. E qualquer um, emocionalmente saudável sabe que precisamos das outras pessoas. De outras ideias, outras conversas, outras realidades, outros sentimentos, outros olhares, outros abraços, outros amores.
Lembrem-se sempre: o amor do casal não diminuirá se eles amarem outras pessoas. Se as deixarem fazer parte de suas vidas, eles poderão ser muito mais felizes!
Espero sinceramente conhecer o amor em sua plenitude, por isso escrevo e proponho discussões acerca do tema. Pois acredito que cada um de nós têm alguma coisa para ensinar...
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Bom dia Cynara!
ResponderExcluirMuito bom o texto!
Conheço várias pessoas que deveriam lê-lo, pois nos faz refletir a respeito das relações que cultivamos e depois nos arrependemos.
Há muitos casais vivendo a situação que você descreveu e confesso que já vivi algo parecido, algo sufocante...
E isto não é nada bom.
A base de uma boa relação é a confiança, parceria e apoio.
Não podemos ter medo!
Adorei e muito obrigado por compartilhar!
Bjs!