quinta-feira, 24 de junho de 2010

Educação não é mercadoria

A frase do título deste texto vem sendo divulgada pelo Sindicato dos professores de Minas Gerais. Provavelmente por a educação estar realmente se tornando mera mercadoria. Recentemente li no jornal Folha de São Paulo uma reportagem estarrecedora: “Golpe usa nome do MEC para premiar escola”. Imaginem que um instituto do interior de São Paulo, vendia por R$2.000 um prêmio educacional baseado em um ranking inexistente do Ministério da Educação. Não contente com isso, eles ainda promoviam uma festa para a entrega do prêmio. Nesta, o apresentador se dizia representante do ministro Fernando Haddads (sic), usava como plural da palavra cidadão, cidadões, falava na Saeb, Saresp e no Enem como entidades e não avaliações e ainda chamou o Inep (órgão do MEC) de Inesp. As escolas então premiadas, obtiveram aumento nas matrículas e alegam que não sabiam que se tratava de uma fraude. Uma delas estava de acordo com o tal instituto entre as 150 melhores instituições de ensino do país, e de acordo com o MEC ela aparece em 10.894º lugar no Enem entre 26.018 escolas avaliadas. É importante ressaltar que as “vencedoras” recebiam um certificado com o emblema do governo federal, como se a certificação estivesse mesmo sendo dada pelo MEC.

Bandalheiras à parte, fico pensando onde vamos parar e me lembro daquela música do Renato Russo “Que país é esse?”. Não com aquele sentimento de que o Brasil é o único país que enfrenta horrores como esse, mas pensando como posso contribuir para que possamos viver numa nação mais nobre. Ontem, assistindo a uma palestra do Cortella ouvi a seguinte frase: as pessoas ficam dizendo que alguém precisa fazer alguma coisa, mas quem é que vai fazer? Todos nós precisamos fazer alguma coisa. E enquanto é tempo, pois do contrário corremos o risco de logo estarmos vivendo na Gotham City do Batmam lembram? Terra sem lei, corrupção, assassinato e violências mil...

Imaginem que agora, antes de matricular seus filhos em escolas os pais terão que fazer uma investigação para saber se os indicadores de excelência e qualidade de ensino das escolas são forjados ou não.

Bem, deixo aqui minha indignação com o fato relatado e espero que este traga reflexões importantes acerca das atrocidades que têm sido cometidas. Como não bastasse todos os problemas ambientais e sociais do Brasil e do mundo, alguns ainda querem sucatear a única esperança que o mundo tem de sair dessa situação tão grave: a EDUCAÇÃO.

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