"A vida real não corresponde aos relatos dos contos de fadas. Não estamos acostumados a encontrar fadas madrinhas que transformam,num toque de mágica, a borralheira em princesa admirável. O processo humano é doloroso. Nossos sapatos não são de cristais, nossos cavalos são mancos e não há carruagens paradas às portas de nossas casas eseprando para nos levar aos destinos de nossos sonhos. A vida nos mostra que trasnformações mágicas não existem, da mesma forma como amores perfeitos estão distantes de nossos olhos”
Pe Fábio de Melo
Estou terminando a leitura de um livro do Padre Fábio de Melo, cujo título é: “Quem me roubou de mim? – O seqüestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa”. Não tenho o hábito de fazer este tipo de leitura, mas confesso que tem sido salutar. O autor nos fala dentre vários outros temas interessantes, sobre o mito do amor romântico, e fiquei pensando o quanto ele é perigoso. As relações idealizadas, nossas expectativas e a idealização do outro. Como isso é complicado e como nos faz sofrer. Como é difícil aceitar que as fadas madrinhas não existem. Que a dor é inevitável e faz parte da vida. Que o outro assim como eu não é perfeito. Preferimos acreditar que ao conhecermos alguém, que ao nos casarmos, tudo estará pronto e bem acabado. Quanta ilusão! Os relacionamentos devem ser construídos e esta construção é dolorosa. Devemos aprender a lidar com as nossas dificuldades e com as dificuldades de nosso(a) parceiro(a). Precisamos saber diferenciar o que é bom do que é mal. Precisamos amar a nós mesmos, para que estejamos prontos para o amor ao outro. E só possível que nos amemos, se nós soubermos respeitar nossas próprias limitações e a despeito delas, buscarmos o amadurecimento.
“A vida nos demonstra que a gênese das frustrações humanas está na inadequação entre aquilo que sonhamos para nossa vida com aquilo que de fato nos acontece. Somos incentivados a sonhar alto, a projetar grandes empreendimentos e a colocar nossos esforços para extrair o máximo que pudermos da vida. Não há nenhum erro em tudo isso. O grande problema não está em sonhar alto. Isso é fácil. O difícil está em continuar vivos quando o pedestal do sonho não suportar o nosso peso e dele cairmos”.
Outro ponto muito importante discutido no livro é o seqüestro da subjetividade, outra coisa muito séria e triste. Ele ocorre quando escravizamos o(a) nosso(a) parceiro. Quando não deixamos que ele seja quem é, quando exigimos que ele seja aquilo que queremos que ele seja, quando projetamos todas as nossas expectativas sobre ele(a) e não aceitamos aquele ser humano como ele é. Pe Fábio ressalta o quanto isso é triste e como é muito mais doloroso do que o seqüestro do corpo. Quando seqüestramos a subjetividade de alguém, nós o estamos privando de ser ele mesmo.
Quero deixar essas palavras para que cada um de nós reflita sobre seus relacionamentos, que olhem lá para dentro de seus corações e se perguntem: Eu estou seqüestrando alguém? Estou sendo seqüestrado? Lembrem-se sempre, que se nós insistirmos nas histórias de príncipes e princesas, quando acordarmos aparecerão também sapos e plebéias e não saberemos como agir...
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