Não procure o bem fora se você não sabe o bem que tem. Esse
foi um insight que tive um dia desses. Como vocês sabem, venho buscando vencer
algumas ideias que o Mito do Amor Romântico nos trouxe, fazendo com que tivéssemos
cada vez mais expectativas em relação a um amor que estaria guardado para nós
em algum lugar. “Em algum lugar, a pessoa certa me espera.” Não, isso não é verdade.
O que é possível é
o encontro de dois humanos imperfeitos que decidem se dedicar a uma relação
construída dia a dia por essas duas pessoas. Elas estarão dispostas a
compreender uma à outra, mesmo em seus momentos mais difíceis. Estarão
dispostas a perdoar as falhas uma da outra e também a si mesmas.
E estarão
conscientes quanto ao fato de que no amor não há garantias. O verbo deve ser
praticado dia a dia. E ainda sim, o outro pode decidir partir. O amor só existe
quando na possibilidade de partir, a pessoa escolhe ficar. E para as pessoas
maduras e conscientes, essa escolha é feita todos os dias.
Sim, em algum lugar,
há uma pessoa: madura, corajosa e intencionada a criar uma relação rica,
verdadeira e próspera.
O Mito do Amor Romântico
está associado à história do amor que o Romantismo, desde meados do século
XVIII “plantou em nós”. Desde então, regras, normas e ideias sobre o amor
começaram a nortear nossas vidas – em especial os relacionamentos amorosos. O
que é muito marcante nessa perspectiva é a idealização do outro e
principalmente uma expectativa ingênua, eu diria, até mesmo infantil, de que o
outro lê, ou deveria ler nossos pensamentos; que o amor é fácil e mágico; que
em algum lugar há a tal “tampa para cada panela.”
Silenciosamente,
essas ideias entram nas nossas mentes e nossos corações e são potencialmente
nocivas para a possibilidade da construção de relacionamentos maduros e sustentáveis.
“Ah, isso é amor”, “Isso não é amor”, quanto essas ideias já passaram pela sua
cabeça? O fato é que dois adultos, podem construir o seu jeito de se
relacionar, que demandará honestidade, respeito, carinho, cuidado, boa vontade,
AMOR! Mas apenas se pensarmos no amor como essa construção da qual eu venho
falando e se compreendermos que nada está escrito em pedra, ou pelo menos não
deveria, aí sim, nos veremos mais livres dessa idealização do amor, para algo
humanamente possível.
Então, volto ao
meu insight que trouxe no início desse post. Não procure o bem fora se você não
sabe o bem que tem. Se você não encontrar amor suficiente dentro de ti, se não compreender
que você não precisa ser completada(o) é provável que você encontre muitas
pessoas com as quais estabelecerá relações imaturas, nas quais você espera
muito do outro, porque se sente menor, ou carente de um afeto, que precisa em
primeiro lugar, vir de dentro de ti, para você mesma(o).
Você com certeza
deve ter ao seu lado, pessoas que lhe façam bem. Mas em primeiro lugar, seja
você a pessoa a se fazer bem. A começar por não aceitar que alguém esteja com
você pela metade. Você não PRECISA de alguém, você pode QUERER construir uma
relação especial com alguém, na qual as duas pessoas estão inteiras, dispostas
a se relacionar de uma forma respeitosa, com parceria, companheirismo e amor,
principalmente esse amor verbo, do qual venho falando tanto.
Quando a gente
aprende a se relacionar com o outro de uma forma mais madura, compreende que há
que se ter espaço para a individualidade de cada um, afinal é como li outro dia
“Se o casal é um só, um dos dois já deixou de existir.”
Vejo muitas
pessoas presas a relacionamentos difíceis, complicados, às vezes até mesmo abusivos,
porque elas não se percebem como alguém capaz de viver sem o outro, de ficar
sozinhas, mesmo que por um período, apenas. Há na maioria das vezes, uma relação
de dependência muito grande.
Reflita sobre
isso! Precisamos desnaturalizar muitos padrões nas relações afetivas que não
são “assim mesmo”. Relacionamentos são desafiadores, são coisas de gente adulta,
madura e com muita vontade de construir. Não é fácil, mas também não é guerra e
deve ser motivo de alegria. O sentimento e a percepção que precisa prevalecer para
o casal é o de que estão crescendo, evoluindo, à medida que a relação avança!
Faz sentido?
Deixe seu comentário! Ficarei feliz e grata em saber sua opinião!
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