quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bullying

Bullying

Recentemente um caso de Bullying foi levado para o tribunal em Belo Horizonte. E felizmente os pais do adolescente que cometeu o ato, foram condenados a indenizar a adolescente que foi agredida. Achei ótimo! É pena que poucas famílias denunciem e levem ao fim esta triste prática. È certo que ainda cabe recurso, mas o simples fato de o Juiz ter levado a sério o ato cometido pelo adolescente e por ter condenado esta família, para mim já é um grande avanço!

É interessante que hoje o termo esteja tão em voga quando na verdade a prática sempre tenha existido. Lembro bem que eu tinha uma colega na escola que fazia de tudo para me entristecer. Queixava-me com a professora e esta me dizia: “Você tem que resolver seus próprios problemas”. À custa de muito sofrimento e alguns conflitos, superei isso, mas muitas outras crianças e adolescentes não conseguem e em muitos casos, sofrem caladas a dor de serem discriminadas, agredidas fisica e moralmente.

Não li ainda sobre esta prática e por isso o que tenho a dizer são reflexões baseadas apenas na minha percepção do problema. Penso que muitas vezes trata-se de uma reprodução: tendo pais preconceituosos, que agem com desrespeito aos menos favorecidos, vivem sob o lema: “O mundo é dos espertos”. Não quero ser injusta e muito menos generalizar, é apenas uma hipótese.

Uma segunda conjectura seria: por não saberem seu valor acabam atacando o outro como se isso fosse aumentar seu prestígio – o pior é que algumas vezes isso realmente acontece.

Tentando uma terceira hipótese, podemos pensar que o bullying é reflexo de nossa sociedade preconceituosa e muito pouco preparada para lidar com as diferenças, considerando que os alvos da “brincadeira” são geralmente homossexuais, pessoas muito magras, ou acima do peso, cegos, mudos, surdos ou qualquer outra pessoa que esteja “fora dos padrões”.

Não vou entrar aqui nos casos de perversão, pois isso renderia outro artigo. Mas, essa seria outra hipótese para prática de bullying.

Convoco todos a pesarem sobre o tema e a levarem esta discussão para frente, pois muitas das pessoas com as quais convivemos podem ter um filho sofrendo ou praticando o maldito bullying.

O Papel do pai: uma breve discussão

Muito se tem falado sobre as significativas mudanças nas famílias em especial o grande aumento das famílias “matrifocais” ou “matriarcais” – aquelas nas quais a família é mantida e conduzida pela mãe(ou por uma mulher).

Antes subjugada, diminuída e a mercê do jugo da sociedade machista, hoje a mulher conduz e mantém uma família, mesmo com a existência de um homem no seio desta. Noutros casos, há uma mãe que fez uma “produção independente” e o pai “não existe”. E dentre várias outras facetas da família moderna, há aquela em que a mãe e o pai se separaram e se casaram novamente, surgindo outros “pais”.

Antigamente, o homem deveria manter a família e a mulher cuidar dos filhos e da casa. Em problemas de disciplina dos filhos, a mãe dizia: “Você vai ver quando seu pai chegar!” O pai era literalmente a “figura da lei”. Hoje a mãe pode às vezes repreender o pai, por estar chamando atenção do filho! Noutra situação, o pai deixa e a mãe não deixa! À parte as questões de cada casal, temos homens cada vez mais confusos com esta nova configuração familiar.

Em psicanálise, fala-se na função paterna (da ordem da linguagem e da palavra), esta, primordial para que se dê a passagem pelo complexo de Édipo culminando na melhor das hipóteses com a interdição do incesto e a introjeção da lei. Nas palavras de Hélio Pelegrino: “Ele (a criança) internaliza a proibição do incesto e se identifica com os valores paternos. Desta forma, cumpre uma etapa fundamental que o prepara no sentido de se tornar sócio da sociedade humana”.

Temos ainda a função de Pai e a pessoa a que se chama Pai! Vejam então que grande confusão! Não necessariamente aquele que exerce a função paterna, o papel de pai e aquele a que se chama pai, serão as mesmas pessoas. E diferentemente do que se acredita, não é a ausência ou presença, nem o comportamento do pai que vai definir se é ou não pai e ainda se é bom pai ou mau pai.

Reitero que o mais importante é que a função de pai seja exercida e que através desta, o complexo de Édipo seja superado e aqui, o pai é aquele que no registro do sentido, adquire sentido como pai para o sujeito, e isto tem a ver com o desejo e com a lei.

“Portanto, é em outro lugar e não nas modalidades da presença real ou da ausência real que do homem na família, em outro lugar e não nas condutas ou particularidades de personalidade apreciadas em relação às normas que definem o que é um pai de família, que se deve procurar a eficácia da função paterna”. (Hurstel)

Bem, este é outro assunto que renderia mais algumas páginas! Mas o que quero ressaltar é que repetindo, não necessariamente aquele que exerce a função paterna, o papel de pai e aquele a que se chama pai, serão as mesmas pessoas. E que as novas configurações familiares têm deixado todos os membros confusos com relação aos seus respectivos papéis. Desta forma é importante que pensemos sobre isso e que possamos conversar sobre nossos sentimentos com relação a toda essa confusão!

Afastamento por doença mental, falta de mão de obra qualificada e crise de confiança

Li esta semana na folha, uma informação alarmante: “Auxílios da Previdência Social por doenças como depressão saltam de 612 para 13.478”, ou seja, os afastamentos por doenças mentais aumentaram 22 vezes de 2006 a 2009. Depois, num artigo do Dimenstein, li que cerca de 70% das maiores empresas brasileiras se ressentem da falta de mão de obra qualificada. E na Você S.A. li um artigo interessante dizendo que a crise não é financeira e sim de confiança.

Penso na estreita relação que essas três informações têm. As empresas cada vez mais enxugam seu corpo de funcionários. Estes, afoitos por uma promoção e por aumento de salários, assumem cada vez mais responsabilidades com o pensamento: “Quem sabe assim me enxergam”. Nessa “brincadeira”, acabam muitas vezes assumindo atribuições para as quais não estão preparados e diante de tantos afazeres, também não podem se qualificar para desempenhar aquela função de maneira mais adequada. Assim, a pressão só aumenta. Resultado: angústia, dor no peito, irritabilidade, dificuldade para dormir, com noites de sono pouco reparadoras.

Atrelado a isso, temos pessoas insatisfeitas no trabalho, algumas vezes por falta de organização das empresas e de dificuldade de ver sentido no que se faz (isso rende outro texto).

Vamos lá! Pessoas com o tipo de comportamento descrito acima, inspiram confiança? E mais, ambientes competitivos como os que temos nas empresas, permitem o estabelecimento de relações de confiança? Difícil hein? Nesta hora, precisamos de um bom gestor, que saiba, de acordo com Mussak, citando Gasalla o caminho das pedras, a que se deu o nome de 10 Cs: “competência, clareza, consistência, cumprimento da palavra, comprometimento, coerência, confidencialidade, cumplicidade, consistências, e correspondência”. Mas aí, volta a questão da falta de mão de obra qualificada!

A idéia é a de que hoje, cada vez mais as pessoas procurem o “Jobs and Hobbies Combine” mas venhamos e convenhamos... muito poucos têm conseguido vencer esse desafio! Pois a jornada de trabalho pode continuar em casa! Senão pelo trabalho em si, pela cabeça: sobrecarregada com os problemas da empresa.

Então, termino este texto, que poderia ter páginas e mais páginas. Não quero parecer simplista, pois sabemos que todos esses problemas organizacionais têm muitas outras questões imbricadas. Mas arrisco dizer que o segredo é: cuidar do coração, do corpo, da mente e da formação profissional. Lembrando que a vida continua após o trabalho! Assim, possivelmente os ambientes das empresas e nossas relações, ficarão cada vez mais saudáveis.

Amor solitário

“Tomem cuidado com o forte apego exclusivo a uma outra pessoa; ele não é, como algumas pessoas pensam, prova da pureza do amor. Esse amor encapsulado, exclusivo – que se alimenta de si próprio, não se dedicando nem dando importância aos outros – está destinado a desmoronar sobre si mesmo. O amor não é apenas uma centelha de paixão entre duas pessoas; há uma distância infinita entre se apaixonar e permanecer apaixonado. Mais propriamente, o amor é um modo de ser, um “dar a”, não um “enamorar-se de”; um modo de se relacionar como um todo, não um ato limitado a uma única pessoa.” Yalom

Li este trecho no livro que estou lendo do Yalom “Vou chamar a polícia” e pensei muito a respeito. Ao meu ver, isto está relacionado ao tema que tratei no artigo “O mito do amor romântico”. Muitas pessoas se fecham em um relacionamento e aprisionam o outro, que se deixa aprisionar. Na grande maioria das vezes, as pessoas acreditam que aprisionando o outro e se deixando aprisionar, estarão protegidos dos “perigos” que o mundo de fora pode representar. Desta maneira não conseguem perceber que é justamente o contrário que acontece.

Muitos namorados e namoradas, maridos e esposas, que vivem relações “fechadas” se maravilham quando veem uma fresta que lhes mostra o mundo lá fora. E, tal como um cachorrinho, que ficou preso muitos anos em uma corrente, fica tão maravilhado com o que vê que quer correr para longe, ou vai fazer coisas que antes nunca pensou em fazer. Nesse turbilhão, acaba se perdendo, metendo os pés pelas mãos, pois liberdade exige responsabilidade e uma pessoa que ficou presa muito tempo, quando vê que pode ser livre novamente, não sabe como lidar com essa liberdade.

O relacionamento com outras pessoas, amigos(as) solteiros(as) ou casados(as), faz com possamos repensar muitas coisas em nossas vidas e desta maneira, melhorar aquilo que não está legal. Aprender com os erros dos outros é uma atitude muito madura e inteligente.

Além disso, nenhum de nós pode mesmo que com boa vontade, ser tudo o que o outro precisa. Aliás, essa é a desculpa que os parceiros(as) inventam para aprisionar o outro...
“Prometo-lhe ser tudo o que você precisar, prometo-lhe todo o amor que houver em meu coração”. Quanta ilusão! Como ser tudo o que o outro precisa? Para isso, precisaríamos ser Deus ou algo parecido. E qualquer um, emocionalmente saudável sabe que precisamos das outras pessoas. De outras ideias, outras conversas, outras realidades, outros sentimentos, outros olhares, outros abraços, outros amores.

Lembrem-se sempre: o amor do casal não diminuirá se eles amarem outras pessoas. Se as deixarem fazer parte de suas vidas, eles poderão ser muito mais felizes!

Espero sinceramente conhecer o amor em sua plenitude, por isso escrevo e proponho discussões acerca do tema. Pois acredito que cada um de nós têm alguma coisa para ensinar...

Amizade

“Existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de confirmação do amor, na qual a ânsia possessiva de duas pessoas uma pela outra dá lugar a um novo desejo, a uma sede maior, compartilhada, de um ideal acima delas: mas quem conhece esse amor? Quem o experimentou? Seu nome correto é amizade”. Nietzsche

Nunca li algo tão verdadeiro como o que Nietzsche disse sobre a amizade. E me sinto uma pessoa abençoada por saber exatamente do que ele está falando. Eu conheço esse amor!

Se existe algum tipo de relacionamento que se dá de maneira espontânea e livre de interesses esse relacionamento é a amizade. Alguns dirão: “Isso não é verdade, tem muitas amizades/amigos(as) interesseiras(os) por aí...”. Não concordo! Existem pessoas interesseiras e relacionamentos de interesse. Mas a verdadeira amizade é algo que acontece por afinidade, por carinho, por querer bem. Falo isso porque tenho o privilégio de ter amigos e amigas verdadeiros. Eles(as) são pessoas que independente do tempo que possamos ficar sem nos ver, nossos reencontros são sempre iguais. Iguais em sentimento, em liberdade, em carinho.

Os verdadeiros amigos são aqueles que não tem vergonha de dizer que nos amam e demonstram esse amor de diversas maneiras. São aquelas pessoas que vão nos dizer a verdade sempre, mesmo que isso possa num primeiro momento nos magoar. Eles vão nos mostrar quando estivermos errados, quando nos envolvermos em relacionamentos e situações que estejam nos fazendo sofrer. E quando o véu da cegueira nos pegar, fazendo com que nos envolvamos com pessoas “erradas” eles também serão nossos olhos.

Os verdadeiros amigos são a família que Deus nos permitiu escolher. E sem essa família que nos dá amor, que nos orienta e que nos apoia, todos os outros relacionamentos estão fadados ao fracasso.

Aproveito para dizer que sou muito grata por todos os amigos e amigas que tenho e que eu não seria nada sem eles!

Jan/2010

O Mito do Amor Romântico

"A vida real não corresponde aos relatos dos contos de fadas. Não estamos acostumados a encontrar fadas madrinhas que transformam,num toque de mágica, a borralheira em princesa admirável. O processo humano é doloroso. Nossos sapatos não são de cristais, nossos cavalos são mancos e não há carruagens paradas às portas de nossas casas eseprando para nos levar aos destinos de nossos sonhos. A vida nos mostra que trasnformações mágicas não existem, da mesma forma como amores perfeitos estão distantes de nossos olhos”
Pe Fábio de Melo

Estou terminando a leitura de um livro do Padre Fábio de Melo, cujo título é: “Quem me roubou de mim? – O seqüestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa”. Não tenho o hábito de fazer este tipo de leitura, mas confesso que tem sido salutar. O autor nos fala dentre vários outros temas interessantes, sobre o mito do amor romântico, e fiquei pensando o quanto ele é perigoso. As relações idealizadas, nossas expectativas e a idealização do outro. Como isso é complicado e como nos faz sofrer. Como é difícil aceitar que as fadas madrinhas não existem. Que a dor é inevitável e faz parte da vida. Que o outro assim como eu não é perfeito. Preferimos acreditar que ao conhecermos alguém, que ao nos casarmos, tudo estará pronto e bem acabado. Quanta ilusão! Os relacionamentos devem ser construídos e esta construção é dolorosa. Devemos aprender a lidar com as nossas dificuldades e com as dificuldades de nosso(a) parceiro(a). Precisamos saber diferenciar o que é bom do que é mal. Precisamos amar a nós mesmos, para que estejamos prontos para o amor ao outro. E só possível que nos amemos, se nós soubermos respeitar nossas próprias limitações e a despeito delas, buscarmos o amadurecimento.

“A vida nos demonstra que a gênese das frustrações humanas está na inadequação entre aquilo que sonhamos para nossa vida com aquilo que de fato nos acontece. Somos incentivados a sonhar alto, a projetar grandes empreendimentos e a colocar nossos esforços para extrair o máximo que pudermos da vida. Não há nenhum erro em tudo isso. O grande problema não está em sonhar alto. Isso é fácil. O difícil está em continuar vivos quando o pedestal do sonho não suportar o nosso peso e dele cairmos”.

Outro ponto muito importante discutido no livro é o seqüestro da subjetividade, outra coisa muito séria e triste. Ele ocorre quando escravizamos o(a) nosso(a) parceiro. Quando não deixamos que ele seja quem é, quando exigimos que ele seja aquilo que queremos que ele seja, quando projetamos todas as nossas expectativas sobre ele(a) e não aceitamos aquele ser humano como ele é. Pe Fábio ressalta o quanto isso é triste e como é muito mais doloroso do que o seqüestro do corpo. Quando seqüestramos a subjetividade de alguém, nós o estamos privando de ser ele mesmo.
Quero deixar essas palavras para que cada um de nós reflita sobre seus relacionamentos, que olhem lá para dentro de seus corações e se perguntem: Eu estou seqüestrando alguém? Estou sendo seqüestrado? Lembrem-se sempre, que se nós insistirmos nas histórias de príncipes e princesas, quando acordarmos aparecerão também sapos e plebéias e não saberemos como agir...

Relacionamento interpessoal e sucesso

“Ser capaz de prestar atenção a si mesmo é pré-requisito para ter a capacidade de prestar atenção aos outros; sentir-se bem consigo mesmo é a condição necessária para relacionar-se com os outros.” (Erich From, Ética e Psicanálise)


Um bom relacionamento interpessoal é hoje fundamental para se obter sucesso no campo profissional. De acordo com a revista Você S.A., 87% das organizações demitem profissionais por causa das atitudes pessoais, do temperamento, da maneira como se relacionam e da incapacidade de liderar equipes. Diante dessas informações o que podemos fazer para termos melhor desempenho nesta área?

O que será afinal esse tal de relacionamento interpessoal? Relacionar-se é entrar em contato, ouvir, dialogar. Neste processo de relacionar-se podemos agir de maneira positiva ou negativa. Agir positivamente significa ser otimista, disponível, colaborar para o bom desenvolvimento do trabalho e relacionar-se bem com as pessoas. Age negativamente aquele que nunca está disponível, que está sempre reclamando e dizendo que as coisas não vão dar certo, são pessimistas, egoístas e individualistas.

É importante que saibamos que relacionar-se bem não significa ser cínico, fingir que se gosta de alguém. No ambiente de trabalho convivemos com muitas pessoas e é difícil que tenhamos simpatia por todas. Para nos relacionarmos bem é importante em primeiro lugar o respeito. Posso não concordar com uma pessoa por muitos motivos, posso na verdade ter muitos ressentimentos e até mesmo evitar o contato com um ou com outro. Entretanto, preciso respeitá-lo. E na medida do possível tentar resolver os conflitos com essas pessoas.

Respeitar a opinião do outro, respeitar a vez de ouvir e a de falar, respeitar as diferenças de raça e de gênero. Entender que ser mulher, homem, branco, negro, não tira nem dá maiores direitos a ninguém.

Com a formação também é assim: ter curso superior ou não, ter especialização, ter mestrado, isso tudo não importa, pois ninguém é melhor ou pior do que o outro por ter formação. É certo que uma pessoa que tem curso superior, pós-graduação e que está sempre se atualizando, tem maiores chances no mercado de trabalho, mas ela não será mais ou menos pessoa, ser humano do que outra.

No que diz respeito às questões de gênero, sabemos por exemplo, que com as mulheres os homens tendem a ser mais educados, evitam determinado linguajar e têm um comportamento mais polido. Meninas são educadas diferentemente dos meninos. Menina usa saia, menino usa short, menino joga bola, menina brinca de boneca, para os meninos azul, para as meninas rosa. Entretanto, em se tratando de competência profissional e desempenho no trabalho, homem e mulher estão juntos destacando-se mais aquele que investe em sua carreira independente de seu sexo.

A capacidade de ser empático é um dos grandes diferenciais que um profissional pode e deve ter para se relacionar bem no trabalho. E o que é ser empático¿ É saber se colocar no lugar do outro, saber respeitar seus limites, suas dificuldades. Trata-se de ver as coisas sob o ponto de vista do outro.

Outro aspecto importante no relacionamento interpessoal é conhecer os seus sentimentos e externá-los. Se eu não disser para o outro o que eu sinto ele nunca poderá saber. E como saberemos como nos sentimos? Nos conhecendo mais. Paulo Gaudêncio diz que só podemos falar com o outro respeitando o que ele sente se soubermos sentir, se não sabemos o que sentimos, nunca saberemos o que o outro sente. A busca pelo autoconhecimento é nesse sentido, fundamental. E os caminhos para isso podem ser a busca por feedback sincero daqueles que estão ao nosso redor, ouvir o que eles têm a dizer sobre nós, procurar um profissional da área da psicologia para que se possa entender e conhecer suas motivações, potencialidades e dificuldades, etc.

Muitos profissionais têm hábitos que prejudicam muito a construção de boas relações. Um deles é o de falar mal dos outros. Marins no livro Superdicas para se tornar um profissional vencedor diz que algumas pessoas transformaram o falar mal em seu verdadeiro emprego. Falam mal dos chefes, dos subordinados, dos clientes, dos fornecedores. Tão preocupadas estão em falar dos outros que acabam não cuidando de seus próprios problemas, de suas dificuldades. Além disso, pessoas que falam muito dos outros, perdem a credibilidade. Você confiaria em alguém que só fala mal dos outros? “Um pessoa segura de si quando não pode falar bem de alguém não fala nada”!

Outra questão complicada é a inveja... Quando nos concentramos naquilo que o outro tem, no sucesso que o outro atingiu, gastamos tempo que poderia ser utilizado para atingir nossos objetivos e alcançar melhores resultados. Por isso, use toda a sua energia para conquistar aquilo que você deseja!

Uma pessoa de sucesso é tida normalmente como alguém que escuta mais do que fala, que respeita as opiniões alheias e tanto sabe dizer “eu não sei” como diz com freqüência “eu não compreendi”; é simples e objetiva: fala e age com simplicidade e tem muito foco em tudo o que faz.

Finalmente, ter um bom relacionamento interpessoal significa agir com respeito, se colocar no lugar do outro, evitar fofocas, não dar atenção às pessoas “do não”, assumir uma postura otimista, aprender com o outro, ao invés de invejá-lo, ensinar ao invés de censurar não tratar as pessoas como coisas, ter um comportamento ético, baseado no bom senso, buscar o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.

Educação não é mercadoria

A frase do título deste texto vem sendo divulgada pelo Sindicato dos professores de Minas Gerais. Provavelmente por a educação estar realmente se tornando mera mercadoria. Recentemente li no jornal Folha de São Paulo uma reportagem estarrecedora: “Golpe usa nome do MEC para premiar escola”. Imaginem que um instituto do interior de São Paulo, vendia por R$2.000 um prêmio educacional baseado em um ranking inexistente do Ministério da Educação. Não contente com isso, eles ainda promoviam uma festa para a entrega do prêmio. Nesta, o apresentador se dizia representante do ministro Fernando Haddads (sic), usava como plural da palavra cidadão, cidadões, falava na Saeb, Saresp e no Enem como entidades e não avaliações e ainda chamou o Inep (órgão do MEC) de Inesp. As escolas então premiadas, obtiveram aumento nas matrículas e alegam que não sabiam que se tratava de uma fraude. Uma delas estava de acordo com o tal instituto entre as 150 melhores instituições de ensino do país, e de acordo com o MEC ela aparece em 10.894º lugar no Enem entre 26.018 escolas avaliadas. É importante ressaltar que as “vencedoras” recebiam um certificado com o emblema do governo federal, como se a certificação estivesse mesmo sendo dada pelo MEC.

Bandalheiras à parte, fico pensando onde vamos parar e me lembro daquela música do Renato Russo “Que país é esse?”. Não com aquele sentimento de que o Brasil é o único país que enfrenta horrores como esse, mas pensando como posso contribuir para que possamos viver numa nação mais nobre. Ontem, assistindo a uma palestra do Cortella ouvi a seguinte frase: as pessoas ficam dizendo que alguém precisa fazer alguma coisa, mas quem é que vai fazer? Todos nós precisamos fazer alguma coisa. E enquanto é tempo, pois do contrário corremos o risco de logo estarmos vivendo na Gotham City do Batmam lembram? Terra sem lei, corrupção, assassinato e violências mil...

Imaginem que agora, antes de matricular seus filhos em escolas os pais terão que fazer uma investigação para saber se os indicadores de excelência e qualidade de ensino das escolas são forjados ou não.

Bem, deixo aqui minha indignação com o fato relatado e espero que este traga reflexões importantes acerca das atrocidades que têm sido cometidas. Como não bastasse todos os problemas ambientais e sociais do Brasil e do mundo, alguns ainda querem sucatear a única esperança que o mundo tem de sair dessa situação tão grave: a EDUCAÇÃO.

Sobre ouvir e dialogar

Hoje as pessoas têm evitado falar sobre si, abrir seus corações, e acabam também não ouvindo o outro. Escondem-se por trás de máscaras criadas pelo medo de não serem aceitas como são. Assim, os relacionamentos são levados aos “trancos e barrancos” porque ninguém conhece ninguém. Os casais se conhecem e se deixam conhecer cada vez menos. O diálogo inexiste em muitas famílias. Pais, mães e filhos sofrem calados a dor de não serem ouvidos e aceitos com suas singularidades, defeitos e qualidades. O trabalho aumenta, as atividades em geral aumentam e cada um com sua rotina, esquece do companheiro, dos filhos, dos amigos, dos pais e assim vão sentindo cada vez mais tristeza, angústia e solidão; sem perceberem que a solução para o problema está ali bem à sua frente. O medo não as deixa enxergar. Quando nos abrimos, quando dizemos ao outro coisas como: Eu te amo! Você me magoou. Eu te entendo. Você está chateado comigo? Como eu posso ser melhor para você? Eu te adoro! Você é importante para mim! Eu sei como você se sente, mas gostaria que conversássemos sobre isso, o outro se sente amado e que realmente nos importamos com ele. São coisas simples que podem resolver uma situação que foi criada pela falta de diálogo, incapacidade de ouvir e de ser sincero. Então, os consultórios dos psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da área, vão ficando lotados por pessoas que buscam a tão sonhada felicidade. Procuram por compreensão, afeto, amor, carinho, respeito, solidariedade, empatia. São muitas queixas sobre muitas faltas... E acontece que também na terapia várias pessoas não conseguem se abrir. Então se queixam que o terapeuta não fala. Mas na verdade, ele está lá para nos ouvir. Estamos tão desacostumados a ter alguém que nos ouça, que quando temos sentimos medo e estranheza. Temos também outra dificuldade que é a de olharmos para dentro de nós. Ficamos tão preocupados em apontarmos os erros nos outros que às vezes não enxergamos os nossos. O “autodiálogo” é muito importante. A capacidade de introspecção é algo fundamental para nossa saúde psíquica e para a construção de relacionamentos saudáveis e sólidos. Quando somos capazes de pensar sobre nossos sentimentos, angústias, frustrações e nossa própria história de vida, quando conseguimos ter um olhar crítico para cada peculiaridade nossa, damos um passo à frente no caminho da sabedoria e da maturidade. É através do diálogo consigo mesmo, que surge a autocrítica e a capacidade de rever situações e decisões e desta forma, voltar atrás nos erros ou seguir em frente nos acertos.

Sobre a maldade

A violência a cada dia invade vidas, casas e famílias. E infelizmente, temos uma triste constatação: os jovens de classe média, em meio ao tédio e ao vazio de suas vidas, começam a achar graça em praticar atos hediondos.

Certa vez, queimaram um índio e a justificativa era que pensaram ser um mendigo. Vai ver no mundo em que vivem, a vida de um mendigo não vale nada. Outro dia o pai de um dos jovens que espancou uma moça, disse que o filho não precisava ser preso. Depois destes últimos eventos o que pensar sobre essa juventude? O que está havendo no seio das famílias que criam seres humanos de tão má índole, tão cruéis? O que está fazendo com que as pessoas se tornem tão insensíveis e duras?
Nossa sociedade cada vez mais individualista e capitalista, diz que você pode ser, fazer ou comprar o que quiser. A carência de afeto, limites, amor, respeito, solidariedade e companheirismo, tornam os familiares cada vez mais distantes e fazem com que os jovens criem vínculos doentios com pessoas “erradas”. Vejam o caso da menina que matou os pais com a ajuda do namorado.
Hoje importa mais ter do que ser. Ter carro do ano, ter dinheiro, ter um emprego invejável, ter roupas caras, ter jóias, ter eletrodomésticos de última geração, ter eletroeletrônicos, ter, ter, ter! Então esquecem do ser e passam a medir sua felicidade pelo ter.
Na tentativa de tornar a vida menos vazia, aqueles jovens abandonados à mercê da crueldade do mundo e de valores equivocados, queimam um índio, espancam uma trabalhadora voltando para casa, outros arrastam uma criança presa por um cinto de segurança, outros começam a traficar drogas, outros invadem uma fazenda e espancam uma senhora até a morte.
Enveredam-se pelo mundo do crime como se qualquer coisa fosse melhor do que suas tediosas vidas. Fazem judô, caratê, inglês, francês, espanhol, balé, natação, jiu-jítsu, jazz, musculação, estudam nas melhores escolas, fazem intercâmbio e etc. Isso não é o suficiente? – Perguntam os pais assustados. Claro que não! Filhos precisam de carinho, atenção, apoio, orientação. Precisam viver em ambientes saudáveis, precisam de figuras parentais com as quais possam se identificar e desenvolver personalidades saudáveis, com valores éticos e justos.
Os pais, na maioria das vezes acham que o deslize de seu filho foi apenas uma brincadeira, ou apenas uma reação de alguém que exagerou do uso de bebidas alcoólicas, drogas ou qualquer outra coisa. É triste e o que podemos constatar é que muitas vezes, os pais são coniventes com todo esse horror. Uns chegam a dizer: “Quem sabe sendo preso ele aprende”. Mas será que ele não poderia ter aprendido antes? E o sistema penitenciário do país vai ensinar alguma coisa boa para esse jovem? Outro pai é capaz de dizer: “Mas botar meu filho, que estuda e tem caráter preso junto com outros presos?”. É isso que faz os jovens acreditarem que matar, espancar ou atear fogo em alguém menos favorecido do que eles é natural.
Outro dia lia um texto de Marcelo Coelho que achei muito coerente. O autor falava sobre essa questão de se justificar ou de procurar justificativa para cada ato insano cometido pelo jovem. O problema está aí, de acordo com ele. Em justificar o injustificável. Quanto mais procurarmos justificativas para os atos desses jovens, mais horrores acontecerão. Não se trata de justificar, mas de cuidar para que esses erros não sejam cometidos novamente.
Será que esses “meninos”, esses “garotos”, esses “adolescentes” (quanta ilusão nestas palavras!) tiveram uma educação liberal? Acostumaram-se à “cultura da impunidade” que predomina no país?
Pode ser. Mas isso não explica tudo. Poderiam drogar-se sozinhos, dedicar-se a pichações, depredar caixas eletrônicos na calada da noite. Só que seria pouco. Tentando achar uma explicação para o caso, concluo que o erro está na minha própria pergunta. Fala-se muito na “cultura da impunidade”, mas existe também uma “cultura da explicação” (...) De tanto serem “explicados”, de tanto que as pessoas se esforçam por entendê-los, é que nossos “jovens” acabam fazendo essas e outras proezas. Querem ser inexplicáveis; querem ser irracionais.
Então cabe àqueles que ainda acreditam que as coisas podem ser diferentes, lutar em prol de uma nação mais justa, de melhores condições de vida para todos, da valorização do humano, da reestruturação das famílias, de uma educação com valores nobres e éticos.

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...