sexta-feira, 9 de julho de 2010

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Educação em tempos de tecnologia da informação

Já não é a primeira vez que vejo um profissional da área de TI dizer que as crianças pequenas (ensino infantil) não devem ter acesso ao computador ou que se não há como evitar, que seja utilizado em doses homeopáticas.

Lendo um artigo na folha sobre a pedagogia Waldorf que focaliza a educação em três esferas: o fazer, o sentir e o pensar, achei bastante interessante a proposta, cuja ordem é evitar ao máximo a tela. Esta metodologia de ensino só passa a usar o computador no ensino médio.

Valdemar Setzer, referência no movimento Waldorf e professor titular do Departamento de Ciência da Computação da USP, é radicalmente contra crianças verem televisão ou usarem computador: “a infância é o momento da imaginação, que é tolhida pelas imagens já prontas”. Ele acredita que o vídeo pode até ser usado como forma de ilustrar algum tema estudado na escola, mas por um período curto.

Depois de ler a triste notícia de que algumas escolas estariam adaptando computadores para o uso de crianças de menos de três anos, fiquei feliz por saber que mesmo sem investir em tecnologia e privilegiando trabalhos manuais, a pedagogia Waldorf atrai cada vez mais adeptos no Brasil!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gentileza

Fiquei conhecendo hoje a história do falecido Sr. José Datrino, popularmente conhecido como Profeta Gentileza. E só agora fui entender a música da Marisa Monte intitulada “Gentileza”: “Apagaram tudo / pintaram tudo de cinza, a palavra no muro / ficou coberta de tinta”. Nesta ocasião, ela estava se referindo aos poemas do Gentileza, que pintou 56 pilastras no viaduto do Caju no Rio, que tem uma extensão de 1,5 Km mais ou menos. Em dada ocasião, de acordo com a revista Bons fluídos onde li uma reportagem sobre ele, a Cia de Limpeza Urbana do Rio apagou as pinturas do Profeta. Depois de 10 anos, à partir da iniciativa de alguns artistas plásticos houve uma restauração das mensagens que ele havia deixado nas pilastras.

Após alguns “sinais” que o Sr. Datrino entendeu como indicativos de que ele deveria assumir sua verdadeira missão na Terra, deixou sua família e sua profissão para levar palavras de amor, bondade e respeito ao próximo e pela natureza. Tornou-se um andarilho e sua principal vestimenta foi uma bata branca comprida, repleta de apliques e cata-ventos espetados em cima de seu estandarte para “arejar” a cabeça das pessoas. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.

É certo que na sociedade em que vivemos, com os valores que aprendemos, é bastante estranho ver um sujeito que abdicou de tudo para andar pela cidade do Rio, para incentivar a gentileza e deixar mensagens de amor, bondade e respeito para as pessoas. Mas Gentileza era louco? Não sabemos, e nunca saberemos, pois para avaliarmos sua sanidade, precisaríamos de uma lente que nos fizesse ver o mundo como ele o via.

Em uma das três internações em manicômios, pelas quais O Profeta passou, um médico teria lhe perguntado: “Você veio aqui para ser curado ou para nos curar? Gentileza acusava o amor pelo dinheiro de ser a origem de todos os males.

Quis trazer um pouco da história do Profeta Gentileza, para que possamos pensar: Será que para sermos mais gentis, bondosos e para respeitarmos os outros e a natureza, precisamos deixar nossa “sanidade” de lado?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Globalização da Compaixão

Lendo um artigo de uma jornalista da revista Bons Fluídos sobre a Libéria, conheci uma triste realidade: dos 3,5 milhões de habitantes do país, 2,9 milhões não têm acesso a instalações sanitárias e apenas uma em cada quatro pessoas tem água tratada, enquanto apenas uma entre sete tem condições saudáveis de higiene.

Sobre as mazelas de grande parte do continente africano eu ouço muito falar, através de jornais e filmes, mas sinceramente, destas estatísticas eu não sabia. E isso me fez pensar na tal globalização. Não me oponho a esse fenômeno, mas o que me ocorre é que deveríamos também globalizar a compaixão! Vejam só, no Brasil, dos seus 193milhões de habitantes, quantos não têm um banheiro? 1,5 milhões. Nosso país pode ser bastante deficitário sobre vários aspectos, mas penso que está na hora de começarmos a olhar para fora também.

Ao pensar sobre isso, me ocorreu uma coisa muito séria e importante: costumo separar as coisas de casa (roupas, sapatos, objetos) para doar e dou sempre para a minha ajudante – que por ser diarista, e ter uma agenda cheia, costuma receber outras doações de outras casas, ou mando para um abrigo de meninas de Uberlândia. Desta vez decidi que as coisas vão para Pernambuco. Quantas pessoas estão lá sem casa, sem comida, sem o mínimo para viverem?

Precisamos expandir nossos pensamentos, muitas coisas parecem tão simples não é? Separar coisas para doar e dar para alguém é uma delas, mas hoje percebi que até para isso precisamos ter bom senso e refletir sobre a melhor coisa a fazer com as doações.

Quem sabe um dia as coisas vão para a Libéria não?

Se a globalização é um fenômeno de integração econômica, política, social e cultural, porque não globalizamos a compaixão? Entenda-se aqui a palavra compaixão – este sentimento, não como algo assistencialista e relacionado a “dó” ou “pena”, mas sim como um sentimento de incômodo, de infelicidade, pelas dificuldades dos outros menos favorecidos, um legítimo sentimento de condolência.

Vamos pensar sobre isso?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bullying

Bullying

Recentemente um caso de Bullying foi levado para o tribunal em Belo Horizonte. E felizmente os pais do adolescente que cometeu o ato, foram condenados a indenizar a adolescente que foi agredida. Achei ótimo! É pena que poucas famílias denunciem e levem ao fim esta triste prática. È certo que ainda cabe recurso, mas o simples fato de o Juiz ter levado a sério o ato cometido pelo adolescente e por ter condenado esta família, para mim já é um grande avanço!

É interessante que hoje o termo esteja tão em voga quando na verdade a prática sempre tenha existido. Lembro bem que eu tinha uma colega na escola que fazia de tudo para me entristecer. Queixava-me com a professora e esta me dizia: “Você tem que resolver seus próprios problemas”. À custa de muito sofrimento e alguns conflitos, superei isso, mas muitas outras crianças e adolescentes não conseguem e em muitos casos, sofrem caladas a dor de serem discriminadas, agredidas fisica e moralmente.

Não li ainda sobre esta prática e por isso o que tenho a dizer são reflexões baseadas apenas na minha percepção do problema. Penso que muitas vezes trata-se de uma reprodução: tendo pais preconceituosos, que agem com desrespeito aos menos favorecidos, vivem sob o lema: “O mundo é dos espertos”. Não quero ser injusta e muito menos generalizar, é apenas uma hipótese.

Uma segunda conjectura seria: por não saberem seu valor acabam atacando o outro como se isso fosse aumentar seu prestígio – o pior é que algumas vezes isso realmente acontece.

Tentando uma terceira hipótese, podemos pensar que o bullying é reflexo de nossa sociedade preconceituosa e muito pouco preparada para lidar com as diferenças, considerando que os alvos da “brincadeira” são geralmente homossexuais, pessoas muito magras, ou acima do peso, cegos, mudos, surdos ou qualquer outra pessoa que esteja “fora dos padrões”.

Não vou entrar aqui nos casos de perversão, pois isso renderia outro artigo. Mas, essa seria outra hipótese para prática de bullying.

Convoco todos a pesarem sobre o tema e a levarem esta discussão para frente, pois muitas das pessoas com as quais convivemos podem ter um filho sofrendo ou praticando o maldito bullying.

O Papel do pai: uma breve discussão

Muito se tem falado sobre as significativas mudanças nas famílias em especial o grande aumento das famílias “matrifocais” ou “matriarcais” – aquelas nas quais a família é mantida e conduzida pela mãe(ou por uma mulher).

Antes subjugada, diminuída e a mercê do jugo da sociedade machista, hoje a mulher conduz e mantém uma família, mesmo com a existência de um homem no seio desta. Noutros casos, há uma mãe que fez uma “produção independente” e o pai “não existe”. E dentre várias outras facetas da família moderna, há aquela em que a mãe e o pai se separaram e se casaram novamente, surgindo outros “pais”.

Antigamente, o homem deveria manter a família e a mulher cuidar dos filhos e da casa. Em problemas de disciplina dos filhos, a mãe dizia: “Você vai ver quando seu pai chegar!” O pai era literalmente a “figura da lei”. Hoje a mãe pode às vezes repreender o pai, por estar chamando atenção do filho! Noutra situação, o pai deixa e a mãe não deixa! À parte as questões de cada casal, temos homens cada vez mais confusos com esta nova configuração familiar.

Em psicanálise, fala-se na função paterna (da ordem da linguagem e da palavra), esta, primordial para que se dê a passagem pelo complexo de Édipo culminando na melhor das hipóteses com a interdição do incesto e a introjeção da lei. Nas palavras de Hélio Pelegrino: “Ele (a criança) internaliza a proibição do incesto e se identifica com os valores paternos. Desta forma, cumpre uma etapa fundamental que o prepara no sentido de se tornar sócio da sociedade humana”.

Temos ainda a função de Pai e a pessoa a que se chama Pai! Vejam então que grande confusão! Não necessariamente aquele que exerce a função paterna, o papel de pai e aquele a que se chama pai, serão as mesmas pessoas. E diferentemente do que se acredita, não é a ausência ou presença, nem o comportamento do pai que vai definir se é ou não pai e ainda se é bom pai ou mau pai.

Reitero que o mais importante é que a função de pai seja exercida e que através desta, o complexo de Édipo seja superado e aqui, o pai é aquele que no registro do sentido, adquire sentido como pai para o sujeito, e isto tem a ver com o desejo e com a lei.

“Portanto, é em outro lugar e não nas modalidades da presença real ou da ausência real que do homem na família, em outro lugar e não nas condutas ou particularidades de personalidade apreciadas em relação às normas que definem o que é um pai de família, que se deve procurar a eficácia da função paterna”. (Hurstel)

Bem, este é outro assunto que renderia mais algumas páginas! Mas o que quero ressaltar é que repetindo, não necessariamente aquele que exerce a função paterna, o papel de pai e aquele a que se chama pai, serão as mesmas pessoas. E que as novas configurações familiares têm deixado todos os membros confusos com relação aos seus respectivos papéis. Desta forma é importante que pensemos sobre isso e que possamos conversar sobre nossos sentimentos com relação a toda essa confusão!

Afastamento por doença mental, falta de mão de obra qualificada e crise de confiança

Li esta semana na folha, uma informação alarmante: “Auxílios da Previdência Social por doenças como depressão saltam de 612 para 13.478”, ou seja, os afastamentos por doenças mentais aumentaram 22 vezes de 2006 a 2009. Depois, num artigo do Dimenstein, li que cerca de 70% das maiores empresas brasileiras se ressentem da falta de mão de obra qualificada. E na Você S.A. li um artigo interessante dizendo que a crise não é financeira e sim de confiança.

Penso na estreita relação que essas três informações têm. As empresas cada vez mais enxugam seu corpo de funcionários. Estes, afoitos por uma promoção e por aumento de salários, assumem cada vez mais responsabilidades com o pensamento: “Quem sabe assim me enxergam”. Nessa “brincadeira”, acabam muitas vezes assumindo atribuições para as quais não estão preparados e diante de tantos afazeres, também não podem se qualificar para desempenhar aquela função de maneira mais adequada. Assim, a pressão só aumenta. Resultado: angústia, dor no peito, irritabilidade, dificuldade para dormir, com noites de sono pouco reparadoras.

Atrelado a isso, temos pessoas insatisfeitas no trabalho, algumas vezes por falta de organização das empresas e de dificuldade de ver sentido no que se faz (isso rende outro texto).

Vamos lá! Pessoas com o tipo de comportamento descrito acima, inspiram confiança? E mais, ambientes competitivos como os que temos nas empresas, permitem o estabelecimento de relações de confiança? Difícil hein? Nesta hora, precisamos de um bom gestor, que saiba, de acordo com Mussak, citando Gasalla o caminho das pedras, a que se deu o nome de 10 Cs: “competência, clareza, consistência, cumprimento da palavra, comprometimento, coerência, confidencialidade, cumplicidade, consistências, e correspondência”. Mas aí, volta a questão da falta de mão de obra qualificada!

A idéia é a de que hoje, cada vez mais as pessoas procurem o “Jobs and Hobbies Combine” mas venhamos e convenhamos... muito poucos têm conseguido vencer esse desafio! Pois a jornada de trabalho pode continuar em casa! Senão pelo trabalho em si, pela cabeça: sobrecarregada com os problemas da empresa.

Então, termino este texto, que poderia ter páginas e mais páginas. Não quero parecer simplista, pois sabemos que todos esses problemas organizacionais têm muitas outras questões imbricadas. Mas arrisco dizer que o segredo é: cuidar do coração, do corpo, da mente e da formação profissional. Lembrando que a vida continua após o trabalho! Assim, possivelmente os ambientes das empresas e nossas relações, ficarão cada vez mais saudáveis.

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...