“As pessoas
vivem vidas cada vez mais solitárias num planeta cada vez mais conectado.
Muitas rupturas sociais e políticas de nossa época podem ser atribuídas a esse
mal-estar.”
Yuval Harari
A sensação que dá é a de que a
internet das coisas, é o modus operandi
da maioria dos seres humanos nas diversas redes de conexão disponíveis. Estamos
ligados uns aos outros, tal como as coisas se conectam, mas não como humanos que
somos, com as habilidades e formas que temos de nos conectarmos verdadeiramente.
Tenho conversado bastante com meu
círculo de humanos J,
sobre o fato de que, embora tenhamos cada vez mais formas para nos conectarmos,
estamos vivendo cada vez menos conectados. Muito desconectados de nós mesmos e
dos outros. Há uma surdez emocional
muito grande.
As pessoas não estão conseguindo escutar
e muito menos dar voz ao seu espaço interno, não conseguem perceber seus
próprios corpos e necessidades e vão seguindo a correnteza, sem o exercício
importantíssimo de refletir sobre o que têm feito e quem têm sido. A tríade Ser
Fazer e Ter, se confunde, se inverte e muitos tentam tudo para Ter,
esquecendo-se do exercício importantíssimo do Ser e do Fazer.
Por estarem tão cegas para si
mesmas, acabam também ficando muito cegas para os outros e assim, se tornam
incapazes de estabelecer relações genuínas, profundas e valiosas com os outros.
Todos querem receber, poucos querem
oferecer. Muitos vivem uma vida absurdamente pobre de sentimentos e
experiências significativas, optando pela superfície. Na superfície de si
mesmos e dos outros.
Ao refletir sobre o tema das
redes sociais, Yuval Harari diz que “Talvez as pessoas precisem mesmo, é de
ferramentas para se conectarem com suas próprias experiências”. Mas elas ficam
absortas aos perfis/pessoas que seguem aqui e ali e se atem à experiência dos
outros – que não necessariamente está expressa em sua verdade, competindo para
parecerem mais felizes, mais afortunadas ou o que quer que seja.
“Pessoas separadas de seus corpos, sentidos e
entorno físico sentem-se alienadas e desorientadas (...) Mas não são capazes de
viver felizes se estiverem desconectados dos seus corpos. Se você não se sente
em casa dentro do seu corpo, nunca se sentirá em casa dentro do mundo.”
A conexão às redes sociais e a
pessoas que estão do outro lado do globo, despende energia que poderia ser
gasta para conhecer seu vizinho de porta. Não há problema algum em conhecer e
interagir com pessoas em outras cidades, estados e nações, isso é maravilhoso.
Mas muitas vezes, isso acontece às expensas de se conhecer quem está do nosso
lado.
“Está mais
fácil falar com meu primo na Suíça, mas está mais difícil falar com meu marido
no café da manhã, porque ele está constantemente olhando para o seu smartphone
e não para mim.”
É preciso muito cuidado para que
possamos usar todos os recursos tecnológicos de forma a promover nossas vidas e
relações à patamares melhores. Devemos estar atentos aos nossos corpos, às
nossas necessidades, às nossas mentes, ao nosso espaço interior. Aprofundar o
nosso autoconhecimento, ampliar nossa consciência e abrir os olhos, a mente e o
coração, para relacionamentos que conectam de verdade: #cuidado #colaboração
#crescimento #empatia.