quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Convite a esvaziar o copo

Desde que fiz minha formação em Coaching, senti que eu tinha mudado e associava sempre a isso, a experiência com esse aprendizado. Entretanto, muitas outras coisas estão associadas a essas mudanças na Cynara  e na forma como decidi enxergar as coisas. Uma primeira questão muito importante, foi a minha decisão naquela ocasião de realmente “esvaziar o copo” antes de ir para esse curso.

Curiosamente, o Luiz Cláudio Binato, meu mestre na formação, disse em nosso primeiro encontro que uma coisa que ele gostaria de pedir imensamente, era que esvaziássemos nossos copos.   Eu decidi esvaziar, mas de uma forma como eu nunca tinha feito na minha vida. Esvaziei naquele dia, no mês de outubro de 2009 e decidi que aquela seria uma grande experiência. Como realmente foi. Quando me propus a esvaziar o copo, a sensação que eu tive foi de ampliação da consciência:

Consciência de que eu não sei nada e devo buscar mais e mais aprendizado pelo resto de minha vida, consciência de que nenhum aprendizado deve ser guardado e sim compartilhado, consciência de que não existe uma verdade ou um pensamento correto, tudo depende dos referenciais estabelecidos pela sociedade, nas relações e no mundo, em cada canto, consciência de que eu e somente eu mesma, tenho o poder de fazer as coisas acontecerem em minha vida, consciência de que culpar um ou outro por qualquer situação em minha vida é um caminho fácil para fugir do protagonismo de minha vida, consciência sobre a interdependência - condição madura de relacionamento, e muito mais.

Ao esvaziar o copo naquele dia, eu me abri para a leitura de livros cujos títulos eu condenava sem sequer saber de seu conteúdo; quebrei e venci velhos paradigmas; reconheci a minha necessidade premente de me desenvolver espiritualmente e uma pessoa querida me apresentou os ensinamentos budistas, que fizeram e tem feito enorme diferença em minha vida.

Sobre os livros, alguns deles estão aqui no blog indicados: Desperte seu gigante interior, Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, O que mais importa, Meditando a vida, Treine sua mente mude seu cérebro, Cinco mentes para o futuro e tantos outros.

Bem, hoje a minha intenção era compartilhar com vocês que quando a gente decide, cada momento pode ser um mundo de possibilidades. Escolher “esvaziar o copo” é um gesto de humildade e de compreensão de que sempre vamos ter o que aprender em nossas vidas e que nada do que já aprendemos até hoje é estanque.

Depois de tantas leituras relevantes, convivência com pessoas e aprendizados mil, o maior aprendizado de todos é: viver a experi6encia de esvaziar o copo é muito prazeroso, vale a pena e deve ser feito todos dias!


sábado, 11 de agosto de 2012

Dinheiro e Felicidade


“O dinheiro, por incrível que pareça, está perdendo o poder. As pessoas começam a tomar consciência das importantes descobertas acerca da satisfação com a vida que, além da rede de segurança, o dinheiro representa pouco ou nada ao bem-estar subjetivo.”
Martin E. P. Seligman

Peço emprestado ao meu querido Rubem Alves a frase, digo, o título de um livro seu: Eterno Retorno para falar um pouco sobre a questão do dinheiro e a relação que estabelecemos com ele. Quando somos crianças ainda pequenas, pouco ou nenhum valor damos ao dinheiro. Não compreendemos ao certo o que é, como obtê-lo – e para quê, o seu valor na/para a sociedade e nem temos ainda um valor para ele em nossas vidas. À medida que vamos crescendo, como o próprio Rubem conta (falando sobre sua experiência de ter ido estudar numa escola de crianças cujas famílias eram ricas), vem a comparação - “o diabo é a comparação”. Então verificamos que as desigualdades sociais existem e que estamos numa condição social e financeira melhor ou pior do que outros. Assim nos perdemos, nos confundimos entre o que gostaríamos de ter ou de ser e até que possamos ter maturidade suficiente, ou um autoconhecimento razoável, para compreendermos o que é importante e tem valor para nós, independente da condição em que outros se encontram, vamos sofrer um bocado. À medida que essa maturidade vem, essa compreensão de que nem tudo - e o mais interessante, o que mais queremos, o dinheiro não poderá trazer. Mas isso, só vamos perceber infelizmente, depois de muito lutar para ter mais e mais do tal baculê. E muitas vezes haverá pessoas, livros e etc para dizer-nos que o dinheiro está diretamente relacionado ao fator felicidade. 

Entretanto, eu, você e várias outras pessoas, conhecemos alguém que não atingiu essa tal felicidade ao conquistar boa condição financeira. Então, vamos voltar aos dias passados “eterno retorno” e tentar lembrar do que outrora acalentava nossos corações, do que nos mantinha felizes. Lembram-se da felicidade da infância? Alguns dirão: crianças não tem responsabilidades, não tem filhos para criar, não tem preocupações com o trabalho. Sim, é certo,  mas elas sabem o que depois insistimos em esquecer: Além da felicidade ser transitória, ela está em coisas e situações muito simples, precisamos de coisa bem simples para termos  equilíbrio e felicidade. Coisas simples, mas difíceis de serem atingidas, ou compreendidas, depois que se “cresceu”. 

Martin Seligman, no livro Felicidade Autêntica, relata que a rotina hedonista faz com que as pessoas se adaptem rápida e inevitavelmente às coisas boas, vendo-as como naturais. “Com o acúmulo de bens materiais e de realizações, as expectativas aumentam. Os feitos conquistados tão arduamente, não trazem mais felicidade; é preciso alcançar algo ainda melhor, para elevar a felicidade até os níveis mais altos dos limites estabelecidos. Só que o indivíduo também vai se adaptando aos novos bens materiais ou realizações. Infelizmente existem muitas evidências dessa rotina. Se não fosse assim, as pessoas que tem mais coisas boas na vida seriam, em geral, muito mais felizes do que as que têm menos. Mas as menos afortunadas são de modo geral, tão felizes quanto as mais afortunadas. Segundo os estudos demonstraram, coisas boas e realizações importantes tem o poder de aumentar a felicidade apenas temporariamente." Repito: quando crianças, sabemos bem que o que traz felicidade é a simplicidade, ainda não fomos contaminados – alguns não, pela sociedade que nos exige sucesso, potência, e prosperidade financeira. 

Ocorre que nem sempre os parâmetros indicativos de sucesso e prosperidade em voga  na sociedade estão relacionados aquilo que cada um em seu íntimo entende como tal. Alguns gostam da simplicidade, outros gostam do “império”. Desta forma, muitas vezes lutamos, nos desgastamos por coisas que na verdade não são tão importantes pra gente e sim para sermos ou termos aquilo que disseram e que acreditamos que nos faria felizes. E vejam a grande loucura que isso representa: decidirmos por isso ou aquilo, porque alguém nos disse que nos faria felizes. É bom e inteligente aprender com os erros e acertos dos outros. Mas a felicidade está associada aos nossos valores e crenças, a sentimentos e isso é muito subjetivo, além de só ser acessível quando estamos em equilíbrio.  

Você já pensou sobre o que é a felicidade para você? 

sábado, 14 de julho de 2012

Toda potência


“Você é filho de Deus. Viver de modo pequeno não serve ao mundo. Não há nada de iluminado em se esconder para que as pessoas não se sintam inseguras ao seu redor. Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que está dentro de nós. Não apenas de algumas pessoas, mas de todas. Quando deixamos a nossa luz brilhar, inconscientemente damos permissão aos outros para fazerem o mesmo. No momento e que nos libertamos do nosso próprio medo, a nossa presença liberta automaticamente outras pessoas.”
Mariane Williamson

A história parece fácil: Você tem potencial. Use-o! Ocorre que usar ou não “todo o nosso potencial”, normalmente pode nos levar – ou leva, a lugares inimagináveis. Lugares aos quais talvez não estivéssemos preparados para chegar. Não usar esse potencial, pode por outro lado, trazer um sentimento de inutilidade, de fracasso, ou de “falsa calmaria”. Usá-lo pode trazer muitas situações e resultados que não esperávamos. O mais importante ao meu ver, é pensarmos o que é mais importante, o que almejamos, onde desejamos chegar. Chegando lá, o que faremos depois? Deixar o barco correr pode ser muito perigoso. Já vi tantas pessoas atingirem sucesso e se perderem depois, tantas pessoas com um mundo de possibilidades pela frente chegando ao extremo da tentativa do autoextermínio ou situações menos graves, mas dolorosas.

Pensando nisso, me veio outra vez à mente, a importância do autoconhecimento e da descoberta dos nossos valores e da vida que queremos ter, desde a nossa profissão até a as pessoas que queremos por perto. Aquilo que traz satisfação para alguns, não traz para outros. Atingir um determinado cargo, ou posição social, pode ser o desejo de alguns, mas não de todos. Nesse sentido, é preciso se conhecer, conhecer o que existe dentro de você, seu potencial realizador e o que você deseja fazer com essa força. E uma coisa é certa: todos tem a sua caixinha de múltiplas possibilidades e forças, mas usá-la sem planejamento, sem foco e sem objetivos pré-determinados, pode ser muito perigoso.

De uma forma ou de outra, convido a todos a fazerem uma viagem para dentro de si mesmos, fazendo-se algumas perguntas: O que eu mais desejo hoje? O que é mais importante nesse momento da minha vida? O que eu posso fazer que ainda não fiz? O que eu quero alcançar e ainda não alcancei? O que preciso fazer para chegar aonde eu quero? Quais são os recursos que eu preciso? Onde conseguirei os outros recursos necessários que eu não possuo? E quando eu chegar lá, o que farei depois?

O que eu mais desejo é que todos possam encontrar a sua “voz interior” e que possam contribuir uns com os outros e com o mundo em que vivemos! 

sábado, 7 de julho de 2012

Segregação e Violência


Estava lendo uma entrevista com o presidente do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil. Ele dizia que a separação gera violência e achei essa ideia muito coerente. O arquiteto comenta sobre as construções dos condomínios fechados. Em suma, na leitura que eu fiz de suas colocações, ele diz que quando nos fechamos num espaço, excluindo outros, impedindo que outras pessoas tenham livre acesso ao local, estamos criando uma situação que cria condições propícias à violência.
   
Lembrei-me então de uma pessoa com quem eu trabalhei que dizia que “pobre tem que morar perto de rico” para que o rico possa ajudá-lo. Ele, pessoa bem sucedida hoje, contava sua própria experiência, nos tempos antigos, de família de poucos recursos financeiros. Roupas, comida, eram coisas que ele e sua família recebiam dos vizinhos “mais abastados”. Esse pode parecer um pensamento simplista e assistencialista, mas tenho para mim, que não há mal algum no pensamento de que, quem tem uma condição um pouco melhor, possa contribuir um pouco mais com os menos favorecidos. Entendo que esses, atingindo uma condição um pouco mais favorável, possam ajudar outros e assim, a “corrente do bem” ou da contribuição – como preferirem, se estabelece.  

O presidente do IAB não estava falando exatamente disso, mas sua entrevista me fez pensar sobre essas coisas, sobre por que a separação, o distanciamento entre os “diferentes” não é legal.
Se tem algo que vem me causando estranheza e desconforto é a segregação. Será que as pessoas que vivem exclusivamente com outras do mesmo meio, seja intelectual, econômico, ou de qualquer outra ordem, vivem conscientes de nossa responsabilidade com os demais e com o mundo? Conscientes de que talvez nos seja permitido ter mais recursos financeiros e condições de geração de riqueza para ajudarmos os outros? Será que acumular conhecimento e riqueza faz algum sentido, senão o de contribuir para o bem do maior número de pessoas e outros seres?

Entendam-me, não quero tirar a responsabilidade do Estado em garantir a segurança e outroas direitos aos cidadãos. Não estou falando de abnegação total dos benefícios que uma condição social favorável nos proporciona. Estou apenas convidando a todos a pensar: Como eu – enquanto cidadão da cidade, do estado, do país no qual eu vivo, posso contribuir para que o mundo em que vivemos seja melhor? 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Introvertidos e Extrovertidos: Perfis complementares


Estava lendo um artigo que trouxe a tona uma discussão bastante importante sobre a Introversão e a Extroversão. Mencionava as cobranças excessivas aos ditos introvertidos como se o “certo” fosse ser extrovertido. Eu, tida como extrovertida por vários testes de personalidade,  pensei no quanto a “ditadura da extroversão” é injusta. Afinal, como a própria autora do artigo nos lembra, muitos dos grandes pensadores, artistas talentosos e outras tantas personalidades importantíssimas na nossa história eram tidos como introvertidos. Eu posso dizer que na maioria das vezes, é durante meus momentos de introversão que a minha criatividade vem à tona. Então ela nos chama atenção para o fato de que a introversão é tida hoje em dia quase que como uma patologia, já que em nossa sociedade, o ideal é representado pela extroversão. Gostar de grupos, do convívio social em geral, ser falante, gostar de ser o centro das atenções e sentir-se bem com isso, tomar decisões rápidas e entrar em ação e outras tantas características tidas como do perfil extrovertido. Esquecendo que “algumas das maiores descobertas da ciência, os grandes insights, a arte, as invenções desde a teoria da evolução até os girassóis de Van Gogh e os computadores pessoais – vieram de pessoas quietas que sabiam se comunicar com o seu mundo interior”. Assim , podemos concluir que dizer que todos tem que ser extrovertidos ou apresentar características desse perfil é um grande equívoco. O que ocorre é que cada um com suas especificidades pode contribuir muito em diferentes situações. O introvertido pode ser uma pessoa tímida ou não. O extrovertido também - embora esta seja uma característica mais predominante no primeiro grupo. Entretanto, “a introversão pode ser entendida como sinal de uma rica vida interior. E mais: “eles podem ter várias habilidades sociais e até gostar de festas e reuniões de negócios, mas depois de um tempo, desejam estar em casa”. Algum problema nisso? O mais importante a meu ver, é sabermos trabalhar com o que cada um traz de bom sem exigir características tidas como um “ideal” que pode estar obrigando pessoas a ser o que não são, não desejam e não precisam ser!  Abaixo à ditadura dos iguais ou do perfil ideal! Cargos exigem um perfil ideal, mas cada um decide o que quer ser, como se sente melhor e o que topa fazer. Valorizo o respeito às diferenças, o respeito a cada pessoa, com suas idiossincrasias e o reconhecimento do valor de cada um! 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Samsara


As pessoas, situações e coisas vem e vão em nossas vidas, mas parece que a gente não consegue compreender que tudo é transitório, que nada será sempre nosso (alguns nunca foram)  e que nenhum de nós tem o poder de manter nada nem ninguém ao seu lado para sempre. O meu trabalho não será para sempre meu, as pessoas que eu amo não estarão para sempre comigo, minha casa não será sempre minha, meu marido pode decidir ir embora amanhã.

Nem a ansiedade que eu sentia ontem e nem a tranquilidade que sinto agora são permanentes. Mas insistimos em agir como se tudo fosse ficar sempre em seu lugar, procurando a felicidade aqui e ali, imaginando que quando conquistarmos isso ou aquilo atingiremos a plenitude! Ocorre que a única certeza que temos na vida é a da impermanência! Daí a importância de não perdermos um minuto sequer das nossas vidas, dos momentos com pessoas especiais, das conquistas e de toda e qualquer experiência vivida.

Aceitar essa ideia pode parecer assumir uma postura pessimista. Mas posso dizer que eu, por aceitar essa condição, tenho vivido com muito mais equilíbrio, alegria e otimismo. Se hoje estou sofrendo, amanhã virá o sol que trará luz para os meus dias, se o dia de hoje não foi como eu esperava, no dia seguinte farei o que puder para que seja melhor, se hoje magoei alguém, pedirei perdão e buscarei trabalhar para evitar que isso ocorra novamente, se hoje conquistei algo, começo a planejar a próxima conquista, pois é certo que eu a desejarei. É um ciclo... felicidade, tristeza... samsara!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Por cima não, ao lado, juntos!


Não gosto da expressão: “estar por cima” ou “por baixo”. Não me parece nada humana... Se você está “por cima”, quer dizer por cima de alguém e não considero grandes coisas estar por cima de um, de muitos ou de todos. Afinal, se você não é o melhor que você pode ser, se os seus parâmetros estão relacionados exclusivamente ao que outros alcançaram, você é apena um competidor. E tenho aprendido que a maior e mais bela batalha a que podemos nos entregar é a batalha interna: com nossos medos e anseios, dificuldades e potencialidades, pontos positivos e pontos a melhorar. Nos relacionamentos, faço votos de que cuidemos de ajudar as outras pessoas a serem tudo o que elas puderem e que não nos ocupemos a sermos melhores do que elas. Por cima não! Ao lado, juntos!

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...