“O dinheiro, por incrível que pareça,
está perdendo o poder. As pessoas começam a tomar consciência das importantes
descobertas acerca da satisfação com a vida que, além da rede de segurança, o
dinheiro representa pouco ou nada ao bem-estar subjetivo.”
Martin E. P. Seligman
Peço emprestado ao meu querido
Rubem Alves a frase, digo, o título de um livro seu: Eterno Retorno para falar um pouco sobre a questão do dinheiro e a
relação que estabelecemos com ele. Quando somos crianças ainda pequenas, pouco
ou nenhum valor damos ao dinheiro. Não compreendemos ao certo o que é, como
obtê-lo – e para quê, o seu valor na/para a sociedade e nem temos ainda um
valor para ele em nossas vidas. À medida que vamos crescendo, como o próprio
Rubem conta (falando sobre sua experiência de ter ido estudar numa escola de
crianças cujas famílias eram ricas), vem a comparação - “o diabo é a
comparação”. Então verificamos que as desigualdades sociais existem e que
estamos numa condição social e financeira melhor ou pior do que outros. Assim
nos perdemos, nos confundimos entre o que gostaríamos de ter ou de ser e até
que possamos ter maturidade suficiente, ou um autoconhecimento razoável, para
compreendermos o que é importante e tem valor para nós, independente da
condição em que outros se encontram, vamos sofrer um bocado. À medida que essa
maturidade vem, essa compreensão de que nem tudo - e o mais interessante, o que
mais queremos, o dinheiro não poderá trazer. Mas isso, só vamos perceber
infelizmente, depois de muito lutar para ter mais e mais do tal baculê. E
muitas vezes haverá pessoas, livros e etc para dizer-nos que o dinheiro está
diretamente relacionado ao fator felicidade.
Entretanto, eu, você e várias
outras pessoas, conhecemos alguém que não atingiu essa tal felicidade ao conquistar
boa condição financeira. Então, vamos voltar aos dias passados “eterno retorno”
e tentar lembrar do que outrora acalentava nossos corações, do que nos mantinha
felizes. Lembram-se da felicidade da infância? Alguns dirão: crianças não tem
responsabilidades, não tem filhos para criar, não tem preocupações com o
trabalho. Sim, é certo, mas elas sabem o
que depois insistimos em esquecer: Além da felicidade ser transitória, ela está
em coisas e situações muito simples, precisamos de coisa bem simples para
termos equilíbrio e felicidade. Coisas simples, mas difíceis de serem atingidas, ou
compreendidas, depois que se “cresceu”.
Martin Seligman, no livro
Felicidade Autêntica, relata que a rotina hedonista faz com que as pessoas se
adaptem rápida e inevitavelmente às coisas boas, vendo-as como naturais. “Com o
acúmulo de bens materiais e de realizações, as expectativas aumentam. Os feitos
conquistados tão arduamente, não trazem mais felicidade; é preciso alcançar
algo ainda melhor, para elevar a felicidade até os níveis mais altos dos
limites estabelecidos. Só que o indivíduo também vai se adaptando aos novos
bens materiais ou realizações. Infelizmente existem muitas evidências dessa
rotina. Se não fosse assim, as pessoas que tem mais coisas boas na vida seriam,
em geral, muito mais felizes do que as que têm menos. Mas as menos afortunadas
são de modo geral, tão felizes quanto as mais afortunadas. Segundo os estudos
demonstraram, coisas boas e realizações importantes tem o poder de aumentar a
felicidade apenas temporariamente." Repito:
quando crianças, sabemos bem que o que traz felicidade é a simplicidade, ainda
não fomos contaminados – alguns não, pela sociedade que nos exige sucesso,
potência, e prosperidade financeira.
Ocorre que nem sempre os parâmetros
indicativos de sucesso e prosperidade em voga na sociedade estão relacionados aquilo que
cada um em seu íntimo entende como tal. Alguns gostam da simplicidade, outros
gostam do “império”. Desta forma, muitas vezes lutamos, nos desgastamos por
coisas que na verdade não são tão importantes pra gente e sim para sermos ou
termos aquilo que disseram e que acreditamos que nos faria felizes. E vejam a
grande loucura que isso representa: decidirmos por isso ou aquilo, porque
alguém nos disse que nos faria felizes. É bom e inteligente aprender com os
erros e acertos dos outros. Mas a felicidade está associada aos nossos valores
e crenças, a sentimentos e isso é muito subjetivo, além de só ser acessível
quando estamos em equilíbrio.
Você já pensou sobre o que é a felicidade para você?
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