sexta-feira, 23 de junho de 2023

A forma como você vê o mundo, determina como atua nele

“Toda civilização desenvolve e ao mesmo tempo é continuamente criada a partir de certa visão de mundo, uma perspectiva ou forma pela qual um indivíduo, uma comunidade ou uma sociedade enxergam o mundo e interpretam a si mesmos e ao ambiente. Estas visões incluem os conhecimentos acumulados e os valores pessoais e culturais em dado momento histórico. A forma como vemos o mundo condiciona a maneira como nele atuamos.”

Guia prático - Dragon Dreaming


Quem acompanha meu trabalho e meus escritos por aqui, sabe que menciono sempre, o cuidado que precisamos ter com nossos paradigmas. Eles são mapas importantes que norteiam nossas formas de ver o mundo, de nos relacionar, fazer escolhas, ou seja: são nossas bússolas. Só que se ficarmos fechados dentro dos nossos modos de ver e fazer as coisas, corremos o risco de nos tornarmos ultrapassados, ineficientes e até infelizes, num mundo que muda tanto e nos desafia constantemente a nos transformar e adaptar a contextos diferentes.

Além disso, embora ter nossos mapas seja importante, alguns deles podem nos prejudicar caso não percebamos que ele pode estar incorreto. Neste texto, quero falar sobre a escassez e a abundância especificamente.

Estava aprofundando meus conhecimentos em uma metodologia de trabalho muito interessante, a Dragon Dreaming, e por “coincidência”, acabei tendo minha atenção desperta ao perfil da Yoon Jung Kim, que por sua vez, também me levou ao filósofo Pietro Ubaldi, tudo isso, me conectando ainda mais com a mentalidade da abundância. Vejam porquê!

Aprendemos ao longo das nossas carreiras que o importante é competir. Mas a aula que ensina que devemos competir apenas conosco mesmos, não aconteceu para muitos de nós. É preciso garantir sua trabalhabilidade, estudar sempre, se atualizar, contribuir com os outros, estabelecer redes fortes de relacionamento. Isso sim. Competir, com o seu eu do passado.

Então você pode estar se perguntando: mas e quando estou pleiteando uma oportunidade de trabalho? Sim, você precisa garantir que seja competitivo, mas não quer dizer que deva travar uma batalha com os concorrentes. Aliás, conheço casos incríveis de pessoas que foram aprovadas em processos seletivos, justamente por demonstrarem empatia e respeito aos outros candidatos. Eu mesma já tive essa experiência, como avaliadora e como candidata.

Com esse exemplo sobre a competição, quero introduzir o tema da abundância. Quanto mais colaboramos, mais ajudamos uns aos outros a alcançar seus sonhos e objetivos, assim, percebemos que há o suficiente para todos e podemos por isso, trabalhar para gerar mais oportunidades. O contrário acontece quando competimos demais, nesse caso, há menos geração de ideias, pouco trabalho em time, e claro, pouquíssimas oportunidades de crescimento.

O post da Yoon Jung Kim, que mencionei no início do texto, se referia a importância de focarmos na abundância, cooperando e ampliando nossas capacidades empáticas. Veja:

“Cooperar significa olhar para o outro procurando a forma que você pode somar à trajetória da pessoa. Ou seja, a cooperação é o cerne da empatia, o pilar de sustentação das relações saudáveis e produtivas. E nada traz mais resultado do que um ambiente de bem-estar e de comprometimento uns com os outros.” 

Yoon Jung Kim

Ver o mundo pelo paradigma da escassez, pode nos levar a agir de forma competitiva, egoísta, pessimista e pouco criativa. As pessoas que veem o mundo como escasso, acreditam que tudo é muito difícil, podem confiar pouco nos outros, desacreditar da possibilidade da transformação de pessoas e situações. Podemos ainda relacionar esse paradigma à mentalidade fixa, muito bem apresentada pela Carol Dweck no livro Mindset. As pessoas que têm mentalidade fixa, costuma se manter presas a velhos padrões, têm medo de errar, acreditam que inteligência e habilidade são coisas natas, evitam desafios por medo de revelar fraquezas. Não creem que esforços podem gerar mudanças e encaram os problemas sem muita esperança de poder resolvê-los.

Confiram o que o Dragon Dreaming fala sobre a competitividade:

“Se virmos o mundo como um sistema separado e competitivo, de ‘poder-sobre’ o outro para satisfazer as próprias necessidades, onde é natural que alguns percam para que outros ganhem, temos uma visão ‘ganha-perde’ e comportamentos condizentes com esta visão. Ocorre que, quando todos agem de forma a buscar o máximo para si, em detrimento de outros, em algum momento todos terão perdas, ou resultados inferiores àquele que obteriam se tivessem trabalhado juntos. Esta é uma situação de ‘perde-perde’.” Guia prático Dragon Dreaming

 

Quando pensamos e agimos pelo paradigma da abundância, então, tendemos a ser mais colaborativos, percebemos com mais facilidade a riqueza que cada ser humano tem, enxergamos as soluções para os problemas, ao invés de apenas lamentar porque as dificuldades existem. Aqui podemos comparar com a mentalidade de crescimento: acreditar no desenvolvimento de habilidades e da nossa inteligência, buscar aprendizado para superar nossas limitações, abraçar os erros como oportunidades de aprendizado e crescimento e enfrentar os problemas com entusiasmo, acreditando na solução.

Pois bem! Se nossos modelos mentais em relação ao mundo, definem as nossas condutas por aqui, convém ficarmos vigilantes e sermos capazes de avaliar quando é que nossos paradigmas antigos podem estar gerando comportamentos que prejudicam a nossa evolução como humanos e como membros dos diferentes grupos dos quais fazemos parte: família, grupos de amigos, empresa e outros.

Faz sentido? Deixe seu comentário ou sugestões e obrigada por estar aqui!  


 Esse texto, foi originalmente publicado no LinkedIn: A forma como você vê o mundo

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