“Toda civilização desenvolve e ao
mesmo tempo é continuamente criada a partir de certa visão de mundo, uma
perspectiva ou forma pela qual um indivíduo, uma comunidade ou uma sociedade
enxergam o mundo e interpretam a si mesmos e ao ambiente. Estas visões incluem
os conhecimentos acumulados e os valores pessoais e culturais em dado momento
histórico. A forma como vemos o mundo condiciona a maneira como nele atuamos.”
Guia prático - Dragon Dreaming
Quem acompanha meu trabalho e meus
escritos por aqui, sabe que menciono sempre, o cuidado que precisamos ter com
nossos paradigmas. Eles são mapas importantes que norteiam nossas formas de ver
o mundo, de nos relacionar, fazer escolhas, ou seja: são nossas bússolas. Só
que se ficarmos fechados dentro dos nossos modos de ver e fazer as coisas,
corremos o risco de nos tornarmos ultrapassados, ineficientes e até infelizes,
num mundo que muda tanto e nos desafia constantemente a nos transformar e
adaptar a contextos diferentes.
Além disso, embora ter nossos
mapas seja importante, alguns deles podem nos prejudicar caso não percebamos
que ele pode estar incorreto. Neste texto, quero falar sobre a escassez e a
abundância especificamente.
Estava aprofundando meus
conhecimentos em uma metodologia de trabalho muito interessante, a Dragon
Dreaming, e por “coincidência”, acabei tendo minha atenção desperta ao perfil
da Yoon Jung Kim, que por sua vez, também me levou ao filósofo Pietro Ubaldi,
tudo isso, me conectando ainda mais com a mentalidade da abundância. Vejam
porquê!
Aprendemos ao longo das nossas
carreiras que o importante é competir. Mas a aula que ensina que devemos
competir apenas conosco mesmos, não aconteceu para muitos de nós. É preciso
garantir sua trabalhabilidade, estudar sempre, se atualizar, contribuir com os
outros, estabelecer redes fortes de relacionamento. Isso sim. Competir, com o
seu eu do passado.
Então você pode estar se
perguntando: mas e quando estou pleiteando uma oportunidade de trabalho? Sim,
você precisa garantir que seja competitivo, mas não quer dizer que deva travar
uma batalha com os concorrentes. Aliás, conheço casos incríveis de pessoas que
foram aprovadas em processos seletivos, justamente por demonstrarem empatia e
respeito aos outros candidatos. Eu mesma já tive essa experiência, como
avaliadora e como candidata.
Com esse exemplo sobre a
competição, quero introduzir o tema da abundância. Quanto mais colaboramos,
mais ajudamos uns aos outros a alcançar seus sonhos e objetivos, assim,
percebemos que há o suficiente para todos e podemos por isso, trabalhar para
gerar mais oportunidades. O contrário acontece quando competimos demais, nesse
caso, há menos geração de ideias, pouco trabalho em time, e claro, pouquíssimas
oportunidades de crescimento.
O post da Yoon Jung Kim, que
mencionei no início do texto, se referia a importância de focarmos na
abundância, cooperando e ampliando nossas capacidades empáticas. Veja:
“Cooperar significa olhar para o outro procurando a forma que
você pode somar à trajetória da pessoa. Ou seja, a cooperação é o cerne da
empatia, o pilar de sustentação das relações saudáveis e produtivas. E nada
traz mais resultado do que um ambiente de bem-estar e de comprometimento uns
com os outros.”
Yoon Jung Kim
Ver o mundo pelo paradigma da
escassez, pode nos levar a agir de forma competitiva, egoísta, pessimista e
pouco criativa. As pessoas que veem o mundo como escasso, acreditam que tudo é
muito difícil, podem confiar pouco nos outros, desacreditar da possibilidade da
transformação de pessoas e situações. Podemos ainda relacionar esse paradigma à
mentalidade fixa, muito bem apresentada pela Carol Dweck no livro Mindset. As
pessoas que têm mentalidade fixa, costuma se manter presas a velhos padrões,
têm medo de errar, acreditam que inteligência e habilidade são coisas natas,
evitam desafios por medo de revelar fraquezas. Não creem que esforços podem
gerar mudanças e encaram os problemas sem muita esperança de poder resolvê-los.
Confiram o que o Dragon Dreaming
fala sobre a competitividade:
“Se virmos o mundo como um
sistema separado e competitivo, de ‘poder-sobre’ o outro para satisfazer as
próprias necessidades, onde é natural que alguns percam para que outros ganhem,
temos uma visão ‘ganha-perde’ e comportamentos condizentes com esta visão.
Ocorre que, quando todos agem de forma a buscar o máximo para si, em detrimento
de outros, em algum momento todos terão perdas, ou resultados inferiores àquele
que obteriam se tivessem trabalhado juntos. Esta é uma situação de
‘perde-perde’.” Guia prático Dragon Dreaming
Quando pensamos e agimos pelo
paradigma da abundância, então, tendemos a ser mais colaborativos, percebemos
com mais facilidade a riqueza que cada ser humano tem, enxergamos as soluções
para os problemas, ao invés de apenas lamentar porque as dificuldades existem.
Aqui podemos comparar com a mentalidade de crescimento: acreditar no
desenvolvimento de habilidades e da nossa inteligência, buscar aprendizado para
superar nossas limitações, abraçar os erros como oportunidades de aprendizado e
crescimento e enfrentar os problemas com entusiasmo, acreditando na solução.
Pois bem! Se nossos modelos
mentais em relação ao mundo, definem as nossas condutas por aqui, convém
ficarmos vigilantes e sermos capazes de avaliar quando é que nossos paradigmas
antigos podem estar gerando comportamentos que prejudicam a nossa evolução como
humanos e como membros dos diferentes grupos dos quais fazemos parte: família,
grupos de amigos, empresa e outros.
Faz sentido? Deixe seu comentário
ou sugestões e obrigada por estar aqui!
Esse texto, foi originalmente publicado no LinkedIn: A forma como você vê o mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário