segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Viver o Ganha-Ganha





Tenho visto o paradigma ganha-ganha estampado em diversos locais. Mas infelizmente, na prática não é isso que vemos acontecer. Muitos dizem viver o Ganha-Ganha sem sequer saber do que se trata... 

Meu primeiro contato com esse termo, foi através da leitura do livro Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, do Stephen Covey. De lá pra cá, continuei estudando o tema e pude perceber pela prática, o quanto as relações são muito mais proveitosas para todos quando adotamos esse paradigma.

Decidir pelo Ganha-Ganha, me parece a alternativa das pessoas íntegras, maduras e seguras de si, que não se apegam ao sentimento de escassez. Quem pensa e estabelece relações ganha-ganha acredita que há o bastante para todos, reconhece a interdependência e compreende que quando todos ganham, a perenidade dos bons resultados é certeira.

Nos relacionamentos ganha-ganha, você se compromete a fazer o seu melhor e espera em contrapartida o melhor dos demais. Você acredita que trabalhando juntos, de maneira equânime, todos se beneficiarão dos resultados. A cultura Ganha-Ganha oferece um ambiente propício ao aprendizado, à colaboração e à longevidade dos negócios e das relações.

Mas em nossa sociedade, como diz Fredy Kofman “o modelo mental tradicional se baseia em crenças e valores que tornam impossível a efetividade, a boa relação interpessoal e o desenvolvimento do indivíduo. Por exemplo, o vício de ter razão e impor sua vontade a todo custo, a soberba de se acreditar dono do deve ser, o empenho para vencer o outro e o foco unidimensional nos resultados geram necessariamente condutas viciosas que, por sua vez, resultam em sofrimento pessoal e coletivo. Por outro lado, o compromisso de escutar e integrar as múltiplas razões e pontos de vista dos interlocutores, a humildade de reconhecer a influência das diferenças culturais e pessoais nos parâmetros, o empenho para vencer com o outro e o foco multidimensional, que contempla tanto os processos quanto os resultados, geram condutas virtuosas que, por sua vez, resultam em bem-estar pessoal e coletivo”.

Nas palavras de Stephen Covey: Ganha-Ganha é um estado de espírito que busca constantemente o benefício mútuo em todas as interações humanas. Ganha-Ganha significa entender que os acordos e as soluções são mutuamente benéficos, mutuamente satisfatórios. Com uma solução do tipo Ganha-Ganha, todas as partes se sentem bem com a decisão, e comprometidas com o plano de ação. Ganha-Ganha vê a vida como uma cooperativa, não como local de competição. A maioria das pessoas acostuma-se a pensar em termos de dicotomias: forte ou fraco, duro ou mole, perder ou vencer. Mas este tipo de pensamento tem falhas estruturais. Ele se baseia no poder ou na posição, e não nos princípios. Ganha-Ganha se baseia no paradigma de que há o bastante para todos, que o sucesso de uma pessoa não é conquistado com o sacrifício ou a exclusão de outra.


Ainda que o Ganha-Ganha não esteja tão presente em nossos dias, pessoas e organizações de sucesso têm nos mostrado que a Terceira Alternativa é uma ótima escolha. Pois não ser trata do meu jeito ou do seu jeito, e sim de um jeito melhor, superior.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Por um pouco mais de humanidade



Humanidade: 1. A Natureza Humana,  2. O gênero humano, 3. Benevolência, Clemência, Compaixão. Dicionário Aurélio


Alguns dias atrás, vimos a cena lamentável provocada pela ação da cinegrafista húngara que propositadamente, derrubou o senhor Mohsen, que carregava seu filho Zaid nos braços, depois que tentou junto de outros refugiados, furar uma barreira policial na cidade húngara de Röszke, perto da fronteira com a Sérvia. Depois, vimos a declaração de uma famosa atriz brasileira dizendo que as mulheres gordas lhe incomodam profundamente. Que sente repulsa, rejeição. E que isso é que nem cabelo rastafári. E ela termina sua frase assim: “Agora me diz: por que eu tenho de ser boazinha com a gorda e o cabeludo rastafári?”. 

A cinegrafista que derrubou o senhor Mohsen, depois de toda a repercussão de seu ato, disse que não é uma pessoa sem coração, racista, que chuta crianças. É apenas uma mãe desempregada com filhos pequenos que tomou uma decisão ruim. No fim, pede desculpas. As imagens nos diversos meios de comunicação mostram que ela tentou também derrubar uma criança que corria de mãos dadas com sua mãe.

Quero comentar sobre tudo isso de forma cuidadosa, porque meu desejo com este texto não é crucificar ninguém, e sim convidar a todos para uma reflexão muito importante.  A cinegrafista parece tentar justificar seu ato pelos problemas que tem passado em sua vida. Mas eu fico me perguntando: o fato de você estar passando dificuldades faz com que você tome atitudes contrárias aos seus valores e convicções? Eu compreendo que situações extremas podem levar uma pessoa em desespero a cometer atos que talvez em outra situação ela não cometeria. Mas o que essa moça fez, no meu entendimento é falta de humanidade. Porque não podemos permitir que a nossa dor e os nossos problemas nos tornem desumanos e insensíveis às dores dos outros.  Será que ela vem acompanhando o horror que essas famílias têm vivido na Síria? Será que ela consegue se colocar no lugar daquele pai que queria encontrar um lugar seguro para o seu filho? Que queria garantir a integridade e a diginidade daquela criança?

Talvez vocês possam achar que estou “misturando alhos com bugalhos” a falar desta situação e da declaração daquela atriz. Mas o fato é que no fim, trata-se nos dois casos de falta de humanidade. Talvez em maior ou menor grau se é que posso falar nesses termos.

Sobre a fala da atriz, fico pensando na sua irresponsabilidade ao dizer algo assim. Como pessoa pública ela é alguém que tem o poder de formar a opinião pública. E a mensagem que ela escolheu deixar foi: sejam preconceituosos(as) e não se preocupem em respeitar essas pessoas. Se você não gosta de como elas são ou estão, não precisa considerá-las. Ela ainda se pergunta num tom de completa alienação: “Por que eu tenho que ser boazinha com elas?”. 

Aí eu vejo muita gente se lamentando pelas mazelas de nosso país e do mundo, e das dificuldades que vimos encontrando aqui e ali. O mesmo acontece nas organizações. Muitas vezes, nós esquecemos que o mundo é feito de pessoas. E que as nossas ações determinam o que acontece em nossa zona de influência. Então deixo o convite para que exerçamos o protagonismo em nossas vidas. Agindo com humanidade, exercendo nossa cidadania de forma responsável,  lutando contra o preconceito, adotando uma postura reflexiva antes de propagar uma ou outra informação, munindo-nos de conhecimento de autoconhecimento, para que possamos formar uma sociedade mais íntegra e justa. 

Deixo aqui o primeiro dos quatro compromisso da filosofia Tolteca:


Através da palavra torna-se possível a expressão do poder criativo. A palavra é um instrumento de magia: branca ou negra. Uma faca de dois gumes: pode materializar o mais exuberante dos sonhos ou destruir uma nação. Dependendo de como é usada, pode gerar liberdade ou escravidão. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Sobre a importância do autoconhecimento para a tomada de decisão - Os jovens e o vestibular


Encontrar a carreira dos sonhos está diretamente relacionado a fazer aquilo que o mundo precisa/demanda de você. Trabalhar com o que se ama não é poesia, fantasia ou ilusão... é se sentir pleno fazendo aquilo que você nasceu para fazer.

Fui convidada recentemente a falar sobre o resultado de uma pesquisa recente no estado do Paraná referente às dúvidas dos alunos do ensino médio referente à carreira que desejam seguir. Esta pesquisa indica que 30% dos alunos do ensino médio daquele estado ainda não sabem o curso que farão na faculdade.

Como falei apenas brevemente, gostaria de levantar outras questões importantes que podem ser úteis para todas as pessoas e não só aos alunos do ensino médio.

Atribuo essa dúvida principalmente à falta de autoconhecimento e de apoio por parte da sociedade (pais, escolas e etc), a esse exercício importantíssimo.  Pouco temos levado os jovens a reflexão sobre seus valores, talentos  e necessidades como indivíduos. A educação vigente procura transformar os alunos em iguais – pensar igual, estudar igual, escolher carreiras iguais, ou parecidas. E esse modelo educacional massifica ao invés de valorizar as singularidades, as idiossincrasias de cada um.
Se eu não sei quais são meus talentos, meus valores e minhas necessidades, se me faltam informações tão importantes, como poderei tomar uma decisão assertiva? Como terei segurança para escolher caminhos?

Além disso, a vida dos jovens estudantes, também tem sido bastante atribulada e quando veem, o tempo passou e já é hora de tomar uma das decisões mais importantes de suas vidas. Junte-se a isso, o medo de decepcionar os pais e de escolher uma carreira que não lhes traga satisfação e prosperidade financeira.

Seria muito interessante se as escolas e as famílias investissem em programas de autoconhecimento para proporcionar aos jovens a possibilidade de fazerem escolhas conscientes, baseadas em seus valores, talentos e sonhos.    E aqui não estou falando apenas do Enem e do Vestibular.
Em minha atividade profissional, conheci muitos adultos que nunca tiveram oportunidades como essa e de repente, se pegam insatisfeitos com o trabalho, infelizes com o rumo que suas vidas tomaram. E podem estar muito bem financeiramente, mas ainda sim, estarem infelizes. Pois como já sabemos, não existe algo mais importante na vida do ser humano do que ver sentido e significado naquilo que se faz.  


Posto isso, não posso deixar de mencionar ainda, que se o adolescente não teve a possibilidade ao longo de sua experiência escolar, de fazer esse tipo de reflexão, será que deveríamos forçar a barra para que tome a decisão a qualquer custo? Não seria mais interessante permitir que ele viva antes disso, experiências que possam lhe ajudar a tomar um decisão de forma mais confiante e assertiva? 

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...