domingo, 16 de setembro de 2012

Sobre a humildade e a autoestima


Estive pensando sobre a enorme diferença que há entre ser humilde e ter baixa autoestima.  Existe um risco enorme a meu ver, em se agir baseando nossas ações na humildade ou na baixa autoestima. E eu sou um exemplo vivo disso, pela história que passo a lhes contar:

Logo que me formei, minha primeira experiência como profissional da área da psicologia me rendeu em poucos meses uma experiência de coordenação e em pouco menos de um ano, a responsabilidade de construir uma equipe e trabalhar com ela para que um projeto fosse retomado e outro atingisse melhores resultados. Somado a isso, dada a minha disponibilidade e a crença de que eu podia fazer sempre mais – outras atribuições adjacentes.

Tive, junto a minha equipe resultados importantes e sinto que verdadeiramente fiz diferença na vida de algumas pessoas e fundamentalmente eu pude amadurecer e perceber mais valor em mim. Ocorre que depois de dois anos e meio trabalhando nesta instituição eu me senti muito sobrecarregada e insatisfeita com as perspectivas que eu teria de desenvolvimento na minha profissão.

Deixando este espaço que me trouxe tanto aprendizado e onde pude deixar um pouco de mim, saí com a sensação de que minha experiência como líder havia sido precoce. Neste sentido, achei que eu deveria buscar cargos nos quais eu pudesse ter a experiência de agir pondo a mão na massa, cargos menos estratégicos.  

Tive alguns feedbacks que me fizeram ver o que tinha errado naquele período, e outros que me diziam de coisas positivas que haviam ocorrido em minha jornada.

Ainda sim, segui naquele intento. Passei por outros lugares e depois de mais ou menos três anos, comecei a constatar o que no fundo eu já sabia: Eu estava agindo de forma a ignorar toda a experiência que eu havia adquirido, antes de me tornar uma psicóloga. Desde os 18 anos eu trabalhava e a formação em psicologia aos 27, veio apenas aprimorar a profissional que eu já era. Assim, eu entendi que eu tinha e tenho condições de ser muito mais do que eu tenho sido, mas minha baixa autoestima não me deixava ver.

Alguns que me conhecem mais de perto poderão sentir estranheza quando faço esta revelação, mas é a mais humilde verdade! Muito tive que pensar e refletir para reconhecer isso. E hoje, mais madura, tenho a consciência do meu valor e posso a partir disso, assumir uma postura humilde, mas não covarde, o que quase sempre somos, quando não nos permitimos ser tudo aquilo que podemos  ser.

A humildade é algo essencialmente importante nas relações, mas somente se consegue ser humilde, quando se percebe o seu verdadeiro valor. Infelizmente, muitas vezes confunde-se humildade com fraqueza.
Adotar uma postura humilde ao meu ver, diz de pessoas fortes, que sabem o seu valor, mas reconhecem sua interdependência. Tendo reconhecido suas virtudes e pontos fortes, toma consciência do que precisa ser melhorado e assume a responsabilidade por isso.


2 comentários:

  1. "Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe".
    Leonardo da Vinci

    Cymbinha, essas palavras de Leonardo Da Vinci exprimem o que penso sobre o tema humildade, uma grande virtude, que deveria ser natural do ser humano. Adorei ler seu texto, levou-me ao passado, recordei experiências que vivemos, e uma satisfação enorme de ver você e seus irmãos se esforçando a cada dia e se tornando pessoas melhores. Beijo grande! Te amo

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    1. Mãe, essa citação do Da Vinci foi perfeita! E seu comentário também! Também te amo e sei que o que temos sido, devemos a você à família especial que temos! Grande beijo!

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