terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre a morte e a vida


“Talvez a razão mais profunda de termos medo da morte é que não sabemos quem somos. Acreditamos numa identidade pessoal única e separada, mas se ousarmos examiná-la, descobriremos que essa identidade depende inteiramente de uma série infindável de coisas que a sustentam: nosso nome, nossa ‘biografia’, nossos companheiros, família, lar, emprego, amigos, cartões de crédito... É nesse suporte provisório e frágil que apoiamos nossa segurança. Assim, quando isso tudo nos é retirado, será que sabemos de fato quem somos?”
Sogyal Rinpoche


Compreendo. À princípio soa estranho, dói e pode até nos fazer pensar que era melhor não saber de nada ou não ter buscado a “verdade”.

Mas algo muito importante está realmente acontecendo: Desde que nascemos, começamos a morrer.

Sendo assim, tenho pensado: o que fazer da vida despois que se constata que a morte virá um dia? E se o meu coração parar de bater amanhã? Ou agora?

Pensando sobre tudo o que tenho lido no último ano e agora, sobre o Livro Tibetano do Viver e do Morrer, me ocorreu então que eu devo continuar escrevendo até o meu último dia; que devo compartilhar com as pessoas tudo o que aprendo diariamente e que minha vida somente fará sentido se eu puder contribuir diariamente para o meu crescimento e o crescimento de todos que passarem pelo meu caminho.

Eu duvido que qualquer um de nós tenha vindo a este mundo apenas para viver  medianamente. Ninguém veio a esse mundo para ser sombra e nem para fazer sombra na vida dos outros.   

Falar sobre a morte pode parecer funesto, assustador e triste. Mas na minha leitura, compreender a morte como algo que virá queiramos ou não, pode na verdade ser muito libertador. Imagine que experiência maravilhosa se ao acordar todos os dias, passássemos a viver como se fosse o último de nossas vidas?

Realizando sonhos, dizendo para as pessoas queridas que nós as amamos, perdoando aqueles que nos feriram e trabalhando para construir coisas perenes, não essas que podemos comprar ou vender...

Trabalhar para o desenvolvimento de todos os seres, para o nosso próprio desenvolvimento e para atingirmos a ampliação da nossa consciência?

E se a partir de hoje começássemos com uma ação simples, mas que exige muita coragem? Olhar para dentro de nós mesmos e assumirmos o compromisso de sermos pessoas melhores a cada dia?   

Talvez o grande segredo da vida seja: “aprender a nadar antes de cair no rio”.

De repente compreendi que a consciência da morte nos faz mais conscientes da necessidade de se levar uma vida com significado. 

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