segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gentileza

Fiquei conhecendo hoje a história do falecido Sr. José Datrino, popularmente conhecido como Profeta Gentileza. E só agora fui entender a música da Marisa Monte intitulada “Gentileza”: “Apagaram tudo / pintaram tudo de cinza, a palavra no muro / ficou coberta de tinta”. Nesta ocasião, ela estava se referindo aos poemas do Gentileza, que pintou 56 pilastras no viaduto do Caju no Rio, que tem uma extensão de 1,5 Km mais ou menos. Em dada ocasião, de acordo com a revista Bons fluídos onde li uma reportagem sobre ele, a Cia de Limpeza Urbana do Rio apagou as pinturas do Profeta. Depois de 10 anos, à partir da iniciativa de alguns artistas plásticos houve uma restauração das mensagens que ele havia deixado nas pilastras.

Após alguns “sinais” que o Sr. Datrino entendeu como indicativos de que ele deveria assumir sua verdadeira missão na Terra, deixou sua família e sua profissão para levar palavras de amor, bondade e respeito ao próximo e pela natureza. Tornou-se um andarilho e sua principal vestimenta foi uma bata branca comprida, repleta de apliques e cata-ventos espetados em cima de seu estandarte para “arejar” a cabeça das pessoas. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.

É certo que na sociedade em que vivemos, com os valores que aprendemos, é bastante estranho ver um sujeito que abdicou de tudo para andar pela cidade do Rio, para incentivar a gentileza e deixar mensagens de amor, bondade e respeito para as pessoas. Mas Gentileza era louco? Não sabemos, e nunca saberemos, pois para avaliarmos sua sanidade, precisaríamos de uma lente que nos fizesse ver o mundo como ele o via.

Em uma das três internações em manicômios, pelas quais O Profeta passou, um médico teria lhe perguntado: “Você veio aqui para ser curado ou para nos curar? Gentileza acusava o amor pelo dinheiro de ser a origem de todos os males.

Quis trazer um pouco da história do Profeta Gentileza, para que possamos pensar: Será que para sermos mais gentis, bondosos e para respeitarmos os outros e a natureza, precisamos deixar nossa “sanidade” de lado?

3 comentários:

  1. Essa história é linda mesmo e nos faz refletir. Esses dias, atendendo a um dito "louco", ele me questionou: Tantas pessoas matando por nada, fazendo atrocidades e eu, pregando a palavra de Deus. Quem é louco, eles ou eu?

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  2. Isso aí querida... o conceito de normalidade talvez esteja equivocado!

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  3. Pois é... o tenue véu entre sabedoria e loucura.

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