quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A Baleia Azul e os desafios contemporâneos


O chamado “Desafio da Baleia Azul” vem tirando o sono de muitos pais e educadores. Ainda não se sabe ao certo como e onde surgiu e nem como se pode ter acesso ao “jogo”. Algumas fontes indicam que o Baleia Azul surgiu na Rússia, onde foi registrada a primeira morte ligada ao desafio. Pelo que foi divulgado na mídia, as pessoas que entram são “selecionadas” a partir de sua participação em grupos e/ou redes voltadas para o tema de suicídio.
Hoje a preocupação é com esse jogo, mas há pouco tempo a inquietação girava em torno do “jogo da asfixia”. Não demorará para que outra “brincadeira” surja. O fato é que precisamos estabelecer relações mais próximas e respeitosas com os jovens, baseadas na compreensão. Precisamos superar essa ideia de que “adolescente é assim mesmo”, “essa fase vai passar”, justificando comportamentos rebeldes e outros indesejáveis como a reclusão. A adolescência é uma fase em que se vive muitos desafios, muitas mudanças físicas, novas experiências e muita experimentação, dúvidas, descobertas e etc. Embora neste período os jovens não queiram os pais por perto o tempo todo, eles precisam do seu apoio, de se sentir amados e protegidos.
E infelizmente, o que tem acontecido é exatamente o contrário, os pais estão cada vez mais distantes dos filhos. Vivemos hoje um distanciamento emocional muito grande. Não estamos preparados para falar sobre a dor, sobre questões existenciais mais complexas como a própria morte. Sobre a depressão por exemplo, uma doença grave que precisa ser tratada.
São alarmantes os números relacionados à tentativa de autoextermínio entre os jovens. Precisamos falar sobre isso. A solução para problemas difíceis como esse, passam pelo diálogo, pela escuta e interesse genuíno por colaborar propondo discussões acerca do tema dentro das escolas, das faculdades, nos grupos de amigos e nas famílias.       
Vivemos em uma era em que temos cada vez mais recursos para nos conectarmos uns aos outros, mas curiosamente temos vivido mais desconectados. Precisamos nos dispor e nos preparar para a verdadeira conexão com o outro. Precisamos encontrar amparo e também oferecer amparo. Os filhos não querem superpais e supermães, eles querem pessoas que se importem, que também falem sobre os seus medos e dificuldades, o que todos precisam na verdade é de um pouco mais de presença e de humanidade, o que representa agir pautando-se em valores como a bondade, a benevolência a compaixão e a empatia genuínas.


Obs.: texto originalmente publicado no pulse pelo meu perfil do Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/baleia-azul-e-os-desafios-contempor%C3%A2neos-cynara-bastos

terça-feira, 25 de julho de 2017

O que podemos (ou devemos) aprender com o fracasso



Existem duas maneiras de encarar os erros e infortúnios: uma – acreditar que você é um fracasso. Outra – acreditar que você falhou e que pode fazer melhor da próxima vez, aprendendo com essa experiência. A forma como encaramos cada dificuldade ou adversidade será determinante para atingirmos êxito em qualquer circunstância das nossas vidas.

Quando vivemos uma situação em que não conseguimos sucesso, podemos refletir sobre tudo o que fizemos, para que possamos compreender o que ocasionou o erro ou falha. Se adotarmos a postura de apenas por uma pedra em cima (esconder nossas falhas), ou de passar a acreditar que somos um fracasso, isso fará com que não avancemos mais.

Se ao contrário, adotarmos uma postura confiante, apostando na nossa capacidade de aprender com nossos infortúnios, de fazer melhor na próxima vez, poderemos obter resultados muito melhores.
Pessoas que conseguem tirar o melhor de cada situação tendem a ter mais êxito. Estudos indicam que o medo do fracasso e a vergonha ou negação dos erros, pode impactar muito negativamente nos resultados que se pretende obter.

Muitas pessoas acabam não realizando seu potencial, pelo medo que têm de fracassar e por serem marcadas pelo erro. Mas é importante que lembremos que não existe uma pessoa sequer que não tenha cometido muitos erros antes do sucesso.  O que as diferencia das demais é o que elas fazem diante das dificuldades.

O sucesso é o resultado de disciplina, trabalho, foco e perseverança. Por isso não se iluda com a expectativa de caminhos fáceis.

Aliás, uma das competências muito apreciadas no mercado de trabalho hoje, é a capacidade de refletir e aprender com seus erros, além de pedir ajuda quando for necessário.


Por isso, aprenda sempre com seus erros e peça ajuda quando precisar. Não se deixe paralisar pelo medo de errar. Todos os grandes nomes do meio esportivo, artístico, executivo e etc., já cometeram falhas e passaram por problemas. Devo dizer: continuam passando por isso. A questão é que saem sempre mais fortalecidos a cada dificuldade vivida e superada.

Pense nisso! 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Metamorfoses Necessárias





Ontem assisti a um filme que me chamou muita atenção. Sensibilizou-me tanto que imediatamente após terminar, escrevi este texto.

É uma história de uma mulher e um homem que se encontram quando ambos estão feridos, machucados pelos caminhos que as escolhas que fizeram os levaram. Ele, um médico que procurou ser um excelente profissional, mas abdicou de outras coisas importantes como o fato de também ser marido e pai. Ela uma mãe amorosa, que abdicou de sua paixão pela arte e até mesmo da possibilidade de também ser amada e cuidada. Ambos se encontram quando estão separados. E repito: feridos pelas escolhas que fizeram outrora. Uma história bonita de amor, de superação. Mas também de dor. Forte e também triste.

Quando percebi que o filme estava para acabar, me ocorreu que ele não acabaria bem, não como eu gostaria. Talvez fosse simplesmente a minha frequência. Mas eis que a mulher é surpreendida com uma notícia muito triste. E isso me fez pensar sobre o fato de que a vida não é nada linear e que não temos controle sobre absolutamente nada. O que nós temos de absolutamente precioso, é a nossa capacidade de fazer escolhas. Mas às vezes traímos a nós mesmos, fazendo escolhas que não condizem exatamente com o que somos e queremos. Talvez por medo, ou por desconhecermos aquilo que verdadeiramente faz nossos corações vibrarem.

Esse homem e essa mulher no filme tornam-se um casal que se amou de verdade, com toda a entrega necessária para se viver um amor. E como não podia deixar de ser, essa experiência maravilhosa experimentada por eles, culminou com o despertar de cada um, para o seu melhor. Sim, é apenas um filme. Mas “que” filme. Que experiência extraordinária eu tive ao assisti-lo. Reforçando minha crença de que a vida é maravilhosa e ao mesmo tempo muito breve, para que a desperdicemos vivendo “mais ou menos”, sobrevivendo, ao invés de viver.

Quantos de nós abrimos mão da possibilidade de viver uma vida plena? Quantos de nós se escondem atrás de relacionamentos infrutíferos, atrás de uma posição profissional que não traz satisfação, sobrevivendo de migalhas, quando se pode ter e ser muito mais?     


A propósito, o filme se chama Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe), com Richard Gere e Diane Lane. Recomendo!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Mudanças na carreira




Quando estamos pensando em mudar de carreira ou de atividade profissional, é sempre muito bom seguir as dicas abaixo antes de tomar uma decisão:

1)    Comece refletindo sobre alguns pontos importantes:
O que faz sentido para você nesse momento? O que não faz mais sentido? O que você realmente gostaria de fazer? Como você se sente onde está? Existe a possibilidade de mudar algumas coisas e permanecer no local/atividade que tem hoje?

2)    O que você faz muito bem? Tente começar essa reflexão pensando sobre o que você mais ouve as pessoas dizerem sobre você. Quais são os seus talentos? Sabe aquela expressão: “Faz com o pé nas costas?”, é isso!

3)    Verifique as atividades ou negócios que estão relacionados(as) a esses talentos que você tem. O que você realmente gostaria de fazer?

4)    Procure conversar com pessoas que já estejam nessa atividade ou negócio e faça um “benchmarking”. Converse sobre erros e acertos, principais desafios, etc.

5)    Crie seu modelo de negócios pessoal. O livro “Business Model You” pode ser um grande parceiro/aliado nesse sentido.

6)    Se a decisão for por mudar, planeje bem a mudança!

                        



quinta-feira, 28 de abril de 2016

Sobre as sutilezas interpessoais


“Suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir o que você diz”
Ralph Waldo Emerson
Vejo muitas pessoas comentarem sobre aparência pessoal, roupas, cabelo, etc. Reconheço a importância desses aspectos na apresentação pessoal. Entretanto, o que tem me chamado muita atenção é a falta de cuidado com outras questões importantíssimas que gostaria de mencionar: a questão da pontualidade – a responsabilidade perante os compromissos que você assume. Não importa quem você é, se agendou um horário com uma pessoa, respeite-a e cumpra o acordado. Se você assumiu um compromisso que não será possível cumprir, tenha o cuidado de informar se possível antecipadamente, ao outro interessado.

A utilização de equipamentos eletrônicos no trabalho: não deixe seu telefone tocando  incomodando os seus colegas, procure mantê-lo no modo silencioso, ou com toque mais baixo. Não fale alto, isso é deselegante.

Tenha o cuidado de agir de forma congruente ao que você defende em seu discurso. A falta de integridade é uma das coisas mais inadmissíveis no ambiente corporativo ou em qualquer lugar em que você estiver.

Seja educado(a). Ao se deparar com pessoas nos elevadores e corredores do prédio, dê bom dia! (Acreditem, muitas pessoas não faz nem isso).

Se ainda não aprendeu a ouvir, aprenda. Lembre-se que para defender seu ponto de vista e suas ideias você não precisa agredir o outro. Se você está seguro sobre o que defende, não sentirá necessidade alguma de denegrir ou ofender ninguém.

E se você acha que gentilezas interpessoais são balelas, sugiro que pegue o primeiro foguete para Marte ou algum outro planeta distante. Pessoas ruidosas e desrespeitosas são cada vez menos aceitas no mundo no qual vivemos.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Viver o Ganha-Ganha





Tenho visto o paradigma ganha-ganha estampado em diversos locais. Mas infelizmente, na prática não é isso que vemos acontecer. Muitos dizem viver o Ganha-Ganha sem sequer saber do que se trata... 

Meu primeiro contato com esse termo, foi através da leitura do livro Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, do Stephen Covey. De lá pra cá, continuei estudando o tema e pude perceber pela prática, o quanto as relações são muito mais proveitosas para todos quando adotamos esse paradigma.

Decidir pelo Ganha-Ganha, me parece a alternativa das pessoas íntegras, maduras e seguras de si, que não se apegam ao sentimento de escassez. Quem pensa e estabelece relações ganha-ganha acredita que há o bastante para todos, reconhece a interdependência e compreende que quando todos ganham, a perenidade dos bons resultados é certeira.

Nos relacionamentos ganha-ganha, você se compromete a fazer o seu melhor e espera em contrapartida o melhor dos demais. Você acredita que trabalhando juntos, de maneira equânime, todos se beneficiarão dos resultados. A cultura Ganha-Ganha oferece um ambiente propício ao aprendizado, à colaboração e à longevidade dos negócios e das relações.

Mas em nossa sociedade, como diz Fredy Kofman “o modelo mental tradicional se baseia em crenças e valores que tornam impossível a efetividade, a boa relação interpessoal e o desenvolvimento do indivíduo. Por exemplo, o vício de ter razão e impor sua vontade a todo custo, a soberba de se acreditar dono do deve ser, o empenho para vencer o outro e o foco unidimensional nos resultados geram necessariamente condutas viciosas que, por sua vez, resultam em sofrimento pessoal e coletivo. Por outro lado, o compromisso de escutar e integrar as múltiplas razões e pontos de vista dos interlocutores, a humildade de reconhecer a influência das diferenças culturais e pessoais nos parâmetros, o empenho para vencer com o outro e o foco multidimensional, que contempla tanto os processos quanto os resultados, geram condutas virtuosas que, por sua vez, resultam em bem-estar pessoal e coletivo”.

Nas palavras de Stephen Covey: Ganha-Ganha é um estado de espírito que busca constantemente o benefício mútuo em todas as interações humanas. Ganha-Ganha significa entender que os acordos e as soluções são mutuamente benéficos, mutuamente satisfatórios. Com uma solução do tipo Ganha-Ganha, todas as partes se sentem bem com a decisão, e comprometidas com o plano de ação. Ganha-Ganha vê a vida como uma cooperativa, não como local de competição. A maioria das pessoas acostuma-se a pensar em termos de dicotomias: forte ou fraco, duro ou mole, perder ou vencer. Mas este tipo de pensamento tem falhas estruturais. Ele se baseia no poder ou na posição, e não nos princípios. Ganha-Ganha se baseia no paradigma de que há o bastante para todos, que o sucesso de uma pessoa não é conquistado com o sacrifício ou a exclusão de outra.


Ainda que o Ganha-Ganha não esteja tão presente em nossos dias, pessoas e organizações de sucesso têm nos mostrado que a Terceira Alternativa é uma ótima escolha. Pois não ser trata do meu jeito ou do seu jeito, e sim de um jeito melhor, superior.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Por um pouco mais de humanidade



Humanidade: 1. A Natureza Humana,  2. O gênero humano, 3. Benevolência, Clemência, Compaixão. Dicionário Aurélio


Alguns dias atrás, vimos a cena lamentável provocada pela ação da cinegrafista húngara que propositadamente, derrubou o senhor Mohsen, que carregava seu filho Zaid nos braços, depois que tentou junto de outros refugiados, furar uma barreira policial na cidade húngara de Röszke, perto da fronteira com a Sérvia. Depois, vimos a declaração de uma famosa atriz brasileira dizendo que as mulheres gordas lhe incomodam profundamente. Que sente repulsa, rejeição. E que isso é que nem cabelo rastafári. E ela termina sua frase assim: “Agora me diz: por que eu tenho de ser boazinha com a gorda e o cabeludo rastafári?”. 

A cinegrafista que derrubou o senhor Mohsen, depois de toda a repercussão de seu ato, disse que não é uma pessoa sem coração, racista, que chuta crianças. É apenas uma mãe desempregada com filhos pequenos que tomou uma decisão ruim. No fim, pede desculpas. As imagens nos diversos meios de comunicação mostram que ela tentou também derrubar uma criança que corria de mãos dadas com sua mãe.

Quero comentar sobre tudo isso de forma cuidadosa, porque meu desejo com este texto não é crucificar ninguém, e sim convidar a todos para uma reflexão muito importante.  A cinegrafista parece tentar justificar seu ato pelos problemas que tem passado em sua vida. Mas eu fico me perguntando: o fato de você estar passando dificuldades faz com que você tome atitudes contrárias aos seus valores e convicções? Eu compreendo que situações extremas podem levar uma pessoa em desespero a cometer atos que talvez em outra situação ela não cometeria. Mas o que essa moça fez, no meu entendimento é falta de humanidade. Porque não podemos permitir que a nossa dor e os nossos problemas nos tornem desumanos e insensíveis às dores dos outros.  Será que ela vem acompanhando o horror que essas famílias têm vivido na Síria? Será que ela consegue se colocar no lugar daquele pai que queria encontrar um lugar seguro para o seu filho? Que queria garantir a integridade e a diginidade daquela criança?

Talvez vocês possam achar que estou “misturando alhos com bugalhos” a falar desta situação e da declaração daquela atriz. Mas o fato é que no fim, trata-se nos dois casos de falta de humanidade. Talvez em maior ou menor grau se é que posso falar nesses termos.

Sobre a fala da atriz, fico pensando na sua irresponsabilidade ao dizer algo assim. Como pessoa pública ela é alguém que tem o poder de formar a opinião pública. E a mensagem que ela escolheu deixar foi: sejam preconceituosos(as) e não se preocupem em respeitar essas pessoas. Se você não gosta de como elas são ou estão, não precisa considerá-las. Ela ainda se pergunta num tom de completa alienação: “Por que eu tenho que ser boazinha com elas?”. 

Aí eu vejo muita gente se lamentando pelas mazelas de nosso país e do mundo, e das dificuldades que vimos encontrando aqui e ali. O mesmo acontece nas organizações. Muitas vezes, nós esquecemos que o mundo é feito de pessoas. E que as nossas ações determinam o que acontece em nossa zona de influência. Então deixo o convite para que exerçamos o protagonismo em nossas vidas. Agindo com humanidade, exercendo nossa cidadania de forma responsável,  lutando contra o preconceito, adotando uma postura reflexiva antes de propagar uma ou outra informação, munindo-nos de conhecimento de autoconhecimento, para que possamos formar uma sociedade mais íntegra e justa. 

Deixo aqui o primeiro dos quatro compromisso da filosofia Tolteca:


Através da palavra torna-se possível a expressão do poder criativo. A palavra é um instrumento de magia: branca ou negra. Uma faca de dois gumes: pode materializar o mais exuberante dos sonhos ou destruir uma nação. Dependendo de como é usada, pode gerar liberdade ou escravidão. 

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...