sábado, 7 de julho de 2012

Segregação e Violência


Estava lendo uma entrevista com o presidente do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil. Ele dizia que a separação gera violência e achei essa ideia muito coerente. O arquiteto comenta sobre as construções dos condomínios fechados. Em suma, na leitura que eu fiz de suas colocações, ele diz que quando nos fechamos num espaço, excluindo outros, impedindo que outras pessoas tenham livre acesso ao local, estamos criando uma situação que cria condições propícias à violência.
   
Lembrei-me então de uma pessoa com quem eu trabalhei que dizia que “pobre tem que morar perto de rico” para que o rico possa ajudá-lo. Ele, pessoa bem sucedida hoje, contava sua própria experiência, nos tempos antigos, de família de poucos recursos financeiros. Roupas, comida, eram coisas que ele e sua família recebiam dos vizinhos “mais abastados”. Esse pode parecer um pensamento simplista e assistencialista, mas tenho para mim, que não há mal algum no pensamento de que, quem tem uma condição um pouco melhor, possa contribuir um pouco mais com os menos favorecidos. Entendo que esses, atingindo uma condição um pouco mais favorável, possam ajudar outros e assim, a “corrente do bem” ou da contribuição – como preferirem, se estabelece.  

O presidente do IAB não estava falando exatamente disso, mas sua entrevista me fez pensar sobre essas coisas, sobre por que a separação, o distanciamento entre os “diferentes” não é legal.
Se tem algo que vem me causando estranheza e desconforto é a segregação. Será que as pessoas que vivem exclusivamente com outras do mesmo meio, seja intelectual, econômico, ou de qualquer outra ordem, vivem conscientes de nossa responsabilidade com os demais e com o mundo? Conscientes de que talvez nos seja permitido ter mais recursos financeiros e condições de geração de riqueza para ajudarmos os outros? Será que acumular conhecimento e riqueza faz algum sentido, senão o de contribuir para o bem do maior número de pessoas e outros seres?

Entendam-me, não quero tirar a responsabilidade do Estado em garantir a segurança e outroas direitos aos cidadãos. Não estou falando de abnegação total dos benefícios que uma condição social favorável nos proporciona. Estou apenas convidando a todos a pensar: Como eu – enquanto cidadão da cidade, do estado, do país no qual eu vivo, posso contribuir para que o mundo em que vivemos seja melhor? 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Introvertidos e Extrovertidos: Perfis complementares


Estava lendo um artigo que trouxe a tona uma discussão bastante importante sobre a Introversão e a Extroversão. Mencionava as cobranças excessivas aos ditos introvertidos como se o “certo” fosse ser extrovertido. Eu, tida como extrovertida por vários testes de personalidade,  pensei no quanto a “ditadura da extroversão” é injusta. Afinal, como a própria autora do artigo nos lembra, muitos dos grandes pensadores, artistas talentosos e outras tantas personalidades importantíssimas na nossa história eram tidos como introvertidos. Eu posso dizer que na maioria das vezes, é durante meus momentos de introversão que a minha criatividade vem à tona. Então ela nos chama atenção para o fato de que a introversão é tida hoje em dia quase que como uma patologia, já que em nossa sociedade, o ideal é representado pela extroversão. Gostar de grupos, do convívio social em geral, ser falante, gostar de ser o centro das atenções e sentir-se bem com isso, tomar decisões rápidas e entrar em ação e outras tantas características tidas como do perfil extrovertido. Esquecendo que “algumas das maiores descobertas da ciência, os grandes insights, a arte, as invenções desde a teoria da evolução até os girassóis de Van Gogh e os computadores pessoais – vieram de pessoas quietas que sabiam se comunicar com o seu mundo interior”. Assim , podemos concluir que dizer que todos tem que ser extrovertidos ou apresentar características desse perfil é um grande equívoco. O que ocorre é que cada um com suas especificidades pode contribuir muito em diferentes situações. O introvertido pode ser uma pessoa tímida ou não. O extrovertido também - embora esta seja uma característica mais predominante no primeiro grupo. Entretanto, “a introversão pode ser entendida como sinal de uma rica vida interior. E mais: “eles podem ter várias habilidades sociais e até gostar de festas e reuniões de negócios, mas depois de um tempo, desejam estar em casa”. Algum problema nisso? O mais importante a meu ver, é sabermos trabalhar com o que cada um traz de bom sem exigir características tidas como um “ideal” que pode estar obrigando pessoas a ser o que não são, não desejam e não precisam ser!  Abaixo à ditadura dos iguais ou do perfil ideal! Cargos exigem um perfil ideal, mas cada um decide o que quer ser, como se sente melhor e o que topa fazer. Valorizo o respeito às diferenças, o respeito a cada pessoa, com suas idiossincrasias e o reconhecimento do valor de cada um! 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Samsara


As pessoas, situações e coisas vem e vão em nossas vidas, mas parece que a gente não consegue compreender que tudo é transitório, que nada será sempre nosso (alguns nunca foram)  e que nenhum de nós tem o poder de manter nada nem ninguém ao seu lado para sempre. O meu trabalho não será para sempre meu, as pessoas que eu amo não estarão para sempre comigo, minha casa não será sempre minha, meu marido pode decidir ir embora amanhã.

Nem a ansiedade que eu sentia ontem e nem a tranquilidade que sinto agora são permanentes. Mas insistimos em agir como se tudo fosse ficar sempre em seu lugar, procurando a felicidade aqui e ali, imaginando que quando conquistarmos isso ou aquilo atingiremos a plenitude! Ocorre que a única certeza que temos na vida é a da impermanência! Daí a importância de não perdermos um minuto sequer das nossas vidas, dos momentos com pessoas especiais, das conquistas e de toda e qualquer experiência vivida.

Aceitar essa ideia pode parecer assumir uma postura pessimista. Mas posso dizer que eu, por aceitar essa condição, tenho vivido com muito mais equilíbrio, alegria e otimismo. Se hoje estou sofrendo, amanhã virá o sol que trará luz para os meus dias, se o dia de hoje não foi como eu esperava, no dia seguinte farei o que puder para que seja melhor, se hoje magoei alguém, pedirei perdão e buscarei trabalhar para evitar que isso ocorra novamente, se hoje conquistei algo, começo a planejar a próxima conquista, pois é certo que eu a desejarei. É um ciclo... felicidade, tristeza... samsara!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Por cima não, ao lado, juntos!


Não gosto da expressão: “estar por cima” ou “por baixo”. Não me parece nada humana... Se você está “por cima”, quer dizer por cima de alguém e não considero grandes coisas estar por cima de um, de muitos ou de todos. Afinal, se você não é o melhor que você pode ser, se os seus parâmetros estão relacionados exclusivamente ao que outros alcançaram, você é apena um competidor. E tenho aprendido que a maior e mais bela batalha a que podemos nos entregar é a batalha interna: com nossos medos e anseios, dificuldades e potencialidades, pontos positivos e pontos a melhorar. Nos relacionamentos, faço votos de que cuidemos de ajudar as outras pessoas a serem tudo o que elas puderem e que não nos ocupemos a sermos melhores do que elas. Por cima não! Ao lado, juntos!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tempo


O que é o tempo senão a oportunidade que temos para fazer aquilo que faz sentido para nós? O que é o tempo senão uma possibilidade de viver com amor, com garra, com determinação para realizar os nossos mais acalentados sonhos? Tempo passado – reflexão e aprendizado, tempo presente – realização, tempo futuro – esperança, paz. Presente, passado ou futuro, o que você tem feito com o seu tempo? Segundos, minutos e horas?

Estava assistindo a um filme chamado “Fatal”, linda história, daquelas que promovem reflexões mil... velhice, finitude da vida, amor, doença, amizade, essas “coisinhas” da vida. Esse filme me fez pensar sobre várias coisas... quebra de paradigmas, as voltas que a vida dá, e também os sustos, as coisas e pessoas que o tempo leva e traz de volta sem avisar...

E no final, esse filme me falou fundamentalmente de coisas importantes das quais nos esquivamos por medo de perder, de fracassar e de sofrer. Entretanto, tenho aprendido que falhar e ter a possibilidade de corrigir os erros é bem melhor do que não tentar. Viver é investir emocionalmente na vida. Viver sem paixão, sem amor e sem vibrar, sem falhar, é como deixar de ser humano.

Assim, entendo cada vez mais a importância de encontrarmos nossa voz interior e vivermos baseando nossas ações no que essa voz amiga nos diz. Criar o nosso caminho, nadar nas águas que escolhermos e quem sabe até nadar contra a correnteza!

Faço votos de que façamos nossas vidas fazerem sentido!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sobre insistir, persistir, rever e buscar novos caminhos


Estive pensando sobre a persistência, sobre insistir e persistir em nossos projetos. Isso é muito importante. Mas é igualmente importante ter condição de avaliar quando é necessário mudar os planos. Nesse sentido, saber o que nos faz investir e insistir numa relação, numa atividade laboral, ou num outro projeto pessoal ou profissional também é fundamental. Persistir e insistir no que está de acordo com os nossos valores, com aquilo que verdadeiramente importa e que nos permitirá atingir nossos objetivos faz todo o sentido. Mas, se ao avaliarmos nossos projetos, percebermos que algo está errado, ou melhor, que por algum motivo, não devemos seguir em frente, é hora de ter coragem e retroceder, rever, refletir e buscar outros caminhos ...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que mais importa

Interessante como a vaidade e a imaturidade acabam nos levando a buscar visibilidade e o reconhecimento, antes de alcançarmos coisas muito mais interessantes ou importantes como o autoconhecimento, a autovalorização e a compreensão na relação com o mundo e as pessoas, além da empatia e da contribuição.

E o mais curioso, é que tudo isso que deixamos para depois, é imprescindível para se alcançar o sucesso em qualquer área de nossas vidas.

Li outro dia, que o sucesso não é algo que deva ser buscado. E concordo plenamente com isso. Devemos primeiro, trabalhar para aprender cada vez mais, para disseminar o conhecimento ao qual temos o privilégio de ter acesso. Encontrar aquilo que faz sentido para nós mesmos e depois, ajudar as pessoas a alcançar aquilo que faz sentido para elas.

Penso que nosso papel nesse mundo, independente da missão pessoal de cada um, é sermos multiplicadores do bem. Entendendo por “bem” tudo aquilo que faz com que as pessoas sejam melhores para si mesmas e para os outros.

Trabalhando para o nosso crescimento pessoal e profissional olhando para tudo e todos amorosamente, deixando uma semente por pequena que seja, em cada lugar que passarmos, levar-nos-á a lugares inimagináveis... Acho que é isso... por esse caminho, teremos tudo o que é importante para uma vida plena! E sobre a visibilidade, o reconhecimento e o sucesso: de repente entenderemos que viver plenamente é muito mais do que essas “pequenas coisas”. E se isso for importante para você, o que acha de procurar o caminho sugerido?

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...