Estava lendo uma entrevista com o
presidente do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil. Ele dizia que a
separação gera violência e achei essa ideia muito coerente. O arquiteto comenta
sobre as construções dos condomínios fechados. Em suma, na leitura que eu
fiz de suas colocações, ele diz que quando nos fechamos num espaço,
excluindo outros, impedindo que outras pessoas tenham livre acesso ao local,
estamos criando uma situação que cria condições propícias à violência.
Lembrei-me então de uma pessoa
com quem eu trabalhei que dizia que “pobre tem que morar perto de rico” para
que o rico possa ajudá-lo. Ele, pessoa bem sucedida hoje, contava sua própria
experiência, nos tempos antigos, de família de poucos recursos financeiros.
Roupas, comida, eram coisas que ele e sua família recebiam dos vizinhos “mais abastados”.
Esse pode parecer um pensamento simplista e assistencialista, mas tenho para
mim, que não há mal algum no pensamento de que, quem tem uma condição um pouco
melhor, possa contribuir um pouco mais com os menos favorecidos. Entendo que esses,
atingindo uma condição um pouco mais favorável, possam ajudar outros e assim, a
“corrente do bem” ou da contribuição – como preferirem, se estabelece.
O presidente do IAB não estava
falando exatamente disso, mas sua entrevista me fez pensar sobre essas coisas,
sobre por que a separação, o distanciamento entre os “diferentes” não é legal.
Se tem algo que vem me causando
estranheza e desconforto é a segregação. Será que as pessoas que vivem exclusivamente
com outras do mesmo meio, seja intelectual, econômico, ou de qualquer outra
ordem, vivem conscientes de nossa responsabilidade com os demais e com o mundo?
Conscientes de que talvez nos seja permitido ter mais recursos financeiros e
condições de geração de riqueza para ajudarmos os outros? Será que acumular
conhecimento e riqueza faz algum sentido, senão o de contribuir para o bem do
maior número de pessoas e outros seres?
Entendam-me, não quero tirar a responsabilidade
do Estado em garantir a segurança e outroas direitos aos cidadãos. Não estou
falando de abnegação total dos benefícios que uma condição social favorável nos
proporciona. Estou apenas convidando a todos a pensar: Como eu – enquanto cidadão
da cidade, do estado, do país no qual eu vivo, posso contribuir para que o
mundo em que vivemos seja melhor?