Eu sabia que a subida ao Pico da
Bandeira me traria ensinamentos, assim como toda e qualquer experiência na vida.
E é sobre esses ensinamentos que eu quero contar para vocês. Os tópicos mais
marcantes desta experiência foram os seguintes:
1º Quando você não conhece as
condições e nunca teve a experiência, considere todos os conselhos que lhe forem
dados pelo especialista. E se não quiser segui-los, assuma as consequências.
2º Pare de pensar e criticar o
outro, dizendo sobre como ele lhe parece despreparado e pense se você está
preparado.
3º Não critique ninguém por ter
desistido disso ou daquilo, você também já esteve prestes a desistir de algo
pelos seus motivos e isto está ok!
4º A gente não sabe o que é passar uma necessidade
de verdade e qualquer situação limítrofe, pode nos deixar muito sensíveis, se
não soubermos controlar nossos ímpetos.
Eu poderia falar mais um tanto de
coisas, dar mais mil exemplos, mas acho que podemos neste post, considerar os quatro
tópicos acima. Então vamos lá:
1º Considere as dicas do
especialista ou experiente
O guia nos avisou que deveríamos
levar um isolante térmico de 1cm de espessura. Mas eu levei o de 0,5cm. Quando deitamos
no saco de dormir, o frio era de doer os ossos e eu lamentei profundamente não
ter levado o isolante de 1cm. Não levei por quê? Porque era mais volumoso,
achei bobagem. Depois da experiência, eu levaria até dois.
2º Pare de criticar o outro e
cuide primeiro de você
Eu me preocupei muito com o fato
de o meu marido não fazer atividades físicas e dizia: “Cuidado, você tem que se
preparar”, “Olha o joelho, vá pelo menos fazer uma atividade aos finais de
semana, até a viagem”...
Resultado: começamos a subida,
minha mochila pesava pelo menos, 30% do meu peso corporal, eu nuca havia subido
uma trilha íngreme com um peso desses nas costas. Meus primeiros pensamentos,
depois que eu comecei a sentir taquicardia, falta de ar, ou sei lá o quê: “meu
marido não vai aguentar”. Percebem a loucura da situação? Era eu que estava
sentindo isso! Ok, alguém mais bondoso, pode dizer: você estava preocupada com
ele. Sim, mas nessa de me preocupar com ele, quase que ele chegou ao topo do Pico
da Bandeira e eu não! Porque eu insistia que ele não estava preparado, mas não
pensava em mim. No fim, percebi que, embora tenha dado tudo certo, não é tarefa
fácil, mesmo para quem pratica atividades físicas.
3º Não critique ninguém por isso
ou aquilo.
No frio dentro da barraca,
virando de um lado para o outro e vestindo tudo o que eu tinha para vestir, eu
cheguei a pensar: “não vou continuar a subida. Chega. Eu nem sei o que eu vim
fazer aqui!” Pensamentos de alguém que está cansado, que subestimou os
desafios. Só que, nesse momento, eu recobrei meu eu, e respondi a mim mesma: “eu
não vim até aqui para desistir agora”. “Eu vim porque quero ver o sol nascer no
Pico da Bandeira e eu não desisto fácil, do que é importante pra mim.” Mas
reconheço, tive pensamentos derrotistas! Então não posso criticar ninguém que desistiu
de nada. Cada um tem seus porquês.
4º O que a gente sente em
situações limítrofes.
Chegamos tarde à área de camping,
precisávamos montar as barracas e organizar as coisas rapidamente, antes que
anoitecesse. Eu estava com fome e frio, e comecei a ficar nervosa... tudo o que
eu queria era terminar tudo logo, me aquecer, vestir outras roupas mais
quentes, comer e dormir um pouco. Mas não o faria, enquanto não estivéssemos com
tudo preparado no acampamento. Essa “falta” ou “necessidade” durou pouquíssimo,
e eu me irritei com a situação. Pois é!
A gente tem tanto que aprender
com cada experiência da vida... há que se ter tanta humildade e sabedoria pra
superar os desafios... quanto dessa experiência se aplica às organizações? Às relações
que estabelecemos na vida profissional ou privada?
Tive uma experiência muito positiva
no final dessa jornada. Como sempre acontece quando a gente decide fazer o
melhor, a despeito de dificuldades, preconceitos e medos! Mas digo e repito:
foi maravilhoso porque éramos um time. Independente das deficiências e
necessidades de cada um!
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