sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ensinamentos do Pico da Bandeira




Eu sabia que a subida ao Pico da Bandeira me traria ensinamentos, assim como toda e qualquer experiência na vida. E é sobre esses ensinamentos que eu quero contar para vocês. Os tópicos mais marcantes desta experiência foram os seguintes:

1º Quando você não conhece as condições e nunca teve a experiência, considere todos os conselhos que lhe forem dados pelo especialista. E se não quiser segui-los, assuma as consequências.

2º Pare de pensar e criticar o outro, dizendo sobre como ele lhe parece despreparado e pense se você está preparado.

3º Não critique ninguém por ter desistido disso ou daquilo, você também já esteve prestes a desistir de algo pelos seus motivos e isto está ok!

 4º A gente não sabe o que é passar uma necessidade de verdade e qualquer situação limítrofe, pode nos deixar muito sensíveis, se não soubermos controlar nossos ímpetos. 

Eu poderia falar mais um tanto de coisas, dar mais mil exemplos, mas acho que podemos neste post, considerar os quatro tópicos acima. Então vamos lá:

1º Considere as dicas do especialista ou experiente

O guia nos avisou que deveríamos levar um isolante térmico de 1cm de espessura. Mas eu levei o de 0,5cm. Quando deitamos no saco de dormir, o frio era de doer os ossos e eu lamentei profundamente não ter levado o isolante de 1cm. Não levei por quê? Porque era mais volumoso, achei bobagem. Depois da experiência, eu levaria até dois.

2º Pare de criticar o outro e cuide primeiro de você

Eu me preocupei muito com o fato de o meu marido não fazer atividades físicas e dizia: “Cuidado, você tem que se preparar”, “Olha o joelho, vá pelo menos fazer uma atividade aos finais de semana, até a viagem”...
Resultado: começamos a subida, minha mochila pesava pelo menos, 30% do meu peso corporal, eu nuca havia subido uma trilha íngreme com um peso desses nas costas. Meus primeiros pensamentos, depois que eu comecei a sentir taquicardia, falta de ar, ou sei lá o quê: “meu marido não vai aguentar”. Percebem a loucura da situação? Era eu que estava sentindo isso! Ok, alguém mais bondoso, pode dizer: você estava preocupada com ele. Sim, mas nessa de me preocupar com ele, quase que ele chegou ao topo do Pico da Bandeira e eu não! Porque eu insistia que ele não estava preparado, mas não pensava em mim. No fim, percebi que, embora tenha dado tudo certo, não é tarefa fácil, mesmo para quem pratica atividades físicas.

3º Não critique ninguém por isso ou aquilo.

No frio dentro da barraca, virando de um lado para o outro e vestindo tudo o que eu tinha para vestir, eu cheguei a pensar: “não vou continuar a subida. Chega. Eu nem sei o que eu vim fazer aqui!” Pensamentos de alguém que está cansado, que subestimou os desafios. Só que, nesse momento, eu recobrei meu eu, e respondi a mim mesma: “eu não vim até aqui para desistir agora”. “Eu vim porque quero ver o sol nascer no Pico da Bandeira e eu não desisto fácil, do que é importante pra mim.” Mas reconheço, tive pensamentos derrotistas! Então não posso criticar ninguém que desistiu de nada. Cada um tem seus porquês.

4º O que a gente sente em situações limítrofes.

Chegamos tarde à área de camping, precisávamos montar as barracas e organizar as coisas rapidamente, antes que anoitecesse. Eu estava com fome e frio, e comecei a ficar nervosa... tudo o que eu queria era terminar tudo logo, me aquecer, vestir outras roupas mais quentes, comer e dormir um pouco. Mas não o faria, enquanto não estivéssemos com tudo preparado no acampamento. Essa “falta” ou “necessidade” durou pouquíssimo,  e eu me irritei com a situação. Pois é!

A gente tem tanto que aprender com cada experiência da vida... há que se ter tanta humildade e sabedoria pra superar os desafios... quanto dessa experiência se aplica às organizações? Às relações que estabelecemos na vida profissional ou privada?

Tive uma experiência muito positiva no final dessa jornada. Como sempre acontece quando a gente decide fazer o melhor, a despeito de dificuldades, preconceitos e medos! Mas digo e repito: foi maravilhoso porque éramos um time. Independente das deficiências e necessidades de cada um!

domingo, 10 de junho de 2018

Autoajuda


Tenho alguns palpites sobre porque os livros de autoajuda quase sempre falham em seu propósito. O primeiro é que receitas não funcionam na vida como na cozinha. Eu diria que talvez nem na cozinha.
O segundo ponto importante é que a maioria das pessoas acredita que depois de seguir uma receita (de preferência fácil) obterá êxito. Há também a ideia de que se você seguir tais e tais conselhos, você conquistará as pessoas e assim, todas vão te amar e te seguir. Basta agir assim ou assado.
O terceiro é que, cinco dicas para isso, dez para àquilo e 15 para àquilo outro, não servem para todo mundo. E essa moda dos cinco motivos ou cinco dicas, ilude os mais desatentos ou românticos, com a expectativa de que com pouco esforço, conseguirão alcançar aquilo que almejam.
O fato é que não importa quanto êxito alguém tenha alcançado seguindo algumas regras, o que quer que você decida fazer, precisa fazer sentido para você, em primeiro lugar.
Seguindo ou não determinadas receitas, fazendo ou não sentido para você, o sucesso (seja lá o que isso significa para você) vem com muito trabalho e dedicação, dedicação a uma causa, a um projeto, às pessoas e especialmente às relações que se estabelece.
É preciso saber por que se faz o que se faz, o que se espera obter com isso e o mais importante: que tipo de pessoa você quer ser. SER e não PARECER. Porque o tempo passa e as máscaras caem, mas o caráter permanece.
Se há uma dica importantíssima e essa serve bem, é: tenha integridade.   

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Você está criando espaço ou buscando espaço?





Em todas as oportunidades em que estou trabalhando com o desenvolvimento de pessoas procuro falar sobre a importância de se manter uma perspectiva otimista, adotar o paradigma da abundância e de desenvolver habilidades importantíssimas como criatividade e inovação. Outros pontos bastante discutidos são a necessidade da adoção de uma postura mais colaborativa e responsável, além da capacidade de construir pontes.

Neste contexto em que ainda há muito desemprego e muitas pessoas sem esperança, percebo o quanto estamos carentes de proatividade e geração de oportunidades. Muitas pessoas querem um espaço, mas poucas querem (ou percebem que podem) criar esse espaço.
Acostumamos com frases como “sempre foi assim”, “foi assim que eu aprendi” e “não sei fazer de outro jeito”. Ocorre que hoje temos muito mais possibilidades do que já tivemos, muito mais recursos, muito mais acesso à informação. É preciso desenvolver o pensamento crítico, a capacidade de gerar novas ideias e colocá-las para funcionar.

É preciso que se saiba agir de forma colaborativa, entendendo que independente da condição em que se encontre, sempre é possível contribuir com alguém ou um projeto. Construir pontes entre pessoas e ideias é imperativo, assim como utilizar todos os recursos que temos para construir novos caminhos.

Estudos da psicologia positiva e da neurociência já comprovaram que manter a crença de que as coisas vão dar certo é uma das grandes forças que se pode ter.  E o paradigma da abundância está diretamente relacionado à perspectiva otimista, pois com ele adota-se a perspectiva de que  o mundo é abundante de recursos e que por isso não é necessário nem inteligente agir de forma individualista. Quanto mais se age colaborativamente, mais oportunidades são criadas.  

Não importa se você é um empreendedor, dono de um negócio, um trabalhador assalariado ou uma pessoa atualmente desempregada. Todos devem agir lançando mão da criatividade, da inovação, da coragem, da responsabilidade, mantendo a crença de que é possível construir novos caminhos a partir de uma postura mais proativa, utilizando nossos dons e talentos para a construção de novas pontes que trarão outros caminhos e possibilidades.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

As tais soft skills




Na verdade, as “soft skills” não são nada que já não sabíamos. O fato é que demos um nome novo para essas habilidades socioemocionais. E mais, percebemos finalmente o quanto elas são importantes.  As chamadas competências emocionais, já vinham ganhando alguma atenção, mas muitos ainda se esquivavam desta necessidade. O fato é que o mundo de hoje é feito de conhecimento e relacionamento. E quem não cuidar desses dois aspectos, será tragado pelo universo que se descortina.

Inteligência Social, Inteligência Emocional, Empatia, Otimismo, Conexão, Gestão da diversidade, Colaboração, Postura de aprendiz, Comunicação, são algumas das Soft Skills demandas dos profissionais na atualidade. E o que isso significa?

É preciso em primeiro lugar aprender a se relacionar mais como parceiros e menos como competidores: colaboração.

Agir considerando a posição, o sentimento e o jeito de ser do outro: empatia.

Fazer despertar em cada um a sua força, percebendo que cada ser humano traz algo muito especial que é seu e representa um grande diferencial, a partir da sua história e da sua cultura, provocando a sinergia entre essas potencialidades: gestão da diversidade. 

Ser capaz de construir pontes e unir pessoas e ideias: conexão.

Entender as correntes políticas e locais de cada organização ou sociedade, agindo de acordo com o ambiente: inteligência social.

Administrar as emoções, entendendo porque sente isso ou aquilo, o que desperta essa ou aquela emoção e como sua atitude interfere no ambiente ao redor: inteligência emocional.

Agir de forma positiva, com foco nas possibilidades, na esperança do êxito e não no fracasso: otimismo.

Buscar conhecer novas ideias, ter a cabeça aberta para novos aprendizados, humildade reconhecendo que não se sabe tudo: postura de aprendiz.

Ser capaz de ouvir e de falar de forma eficaz: comunicação.


O fato é que tudo isso sempre foi muito importante, mas muitos não percebiam. Agora, cientes que estamos da nossa necessidade de estabelecer relações ganha-ganha, baseadas no respeito e na colaboração, começamos a buscar e desenvolver tais competências com mais afinco, entendo que os resultados para pessoas e organizações serão bem melhores seguindo esta “vibe”. Assim, teremos resultados perenes, sustentáveis. 

domingo, 24 de setembro de 2017

Como nossos mindsets podem construir ou destruir nossas chances de sucesso




“Uma vez aceitas nossas convicções tornam-se ordens inquestionáveis para o sistema nervoso e possuem o poder de expandir ou destruir as possibilidades do nosso presente e futuro”.

Em minha primeira experiência com o coaching, conheci a ideia sobre os modelos mentais, especialmente sob a perspectiva do autor Anthony Robbins. Foi muito interessante perceber o quanto algumas das minhas convicções me impediam avançar, fazendo com que eu acreditasse cada vez menos na força que eu tinha para fazer com que meus sonhos se tornassem realidade.

Muitas vezes adotamos uma postura de vítima dos acontecimentos da vida e justificamos nossas ações, ou a falta delas, por aquilo que vivemos. Mas por que será, por exemplo, que dois irmãos, filhos de um pai alcoólatra e agressivo, ao serem perguntados sobre por que suas vidas tomaram o rumo que tomaram: um violento, agressivo e alcoólatra como o pai e o outro, um homem bem sucedido, pai de três filhos e muito querido pelos amigos, justificam suas experiências com a mesma frase: “com o pai que eu tive, não poderia ter sido diferente”?  

Esta é uma história simples, contada pelo Thony Robbins num de seus livros. Mas ilustra muito bem o que quero dizer. Nós realmente definimos através dos nossos sentimentos, o que cada situação representa. 

Se uma pessoa passar por diversos fracassos em relação à gestão do seu dinheiro, pode criar uma convicção interna de que não é um bom administrador de finanças. Se fizer escolhas equivocadas ao longo de sua carreira, pode criar a crença de que nunca terá sucesso, porque “não sabe escolher”. Talvez você já tenha investido em alguns empreendimentos e por não ter conseguido êxito, acredita que é incompetente. Aonde entra o Mindset de Crescimento aqui? No fato de que você pode desenvolver as competências que quiser desenvolver.

Em nossa sociedade, valoriza-se muito o sucesso sem esforço, como se alguns nascessem predestinados para o sucesso e outros menos afortunados, precisassem estudar e trabalhar muito para ter êxito. Olhamos para o fracasso com temor e isso faz com que nos arrisquemos pouco, realizando menos ainda.

A grande verdade é que, se quisermos ter êxito, precisaremos trabalhar diligentemente para isso, com foco e determinação. Não existe sucesso sem esforço. O êxito somente será possível se estivermos dispostos a superar as adversidades e a rever algumas convicções ou modelos mentais que nos impedem de ser o nosso melhor.


Utilizando o Mindset de crescimento descobre-se que com esforço e dedicação você pode ser o que quiser ser. 

A propósito, para aprofundar o conhecimento sobre Mindset de Crescimento, sugiro o livro da Carol Dweck: Mindset

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Uma conversa nada popular: por que você deve ser seu porto seguro



Por mais que possa parecer um exercício de autossuficiência e talvez muito autocentrada esta ideia, eu não consigo pensar em um porto seguro que possa estar fora de mim. Primeiro porque seria muito perigoso. Depois, porque se este porto seguro se referisse a alguém, não seria justo atribuir-lhe tal responsabilidade. Penso eu.

Vejo muitas pessoas referindo-se a outros familiares ou companheiros como “meu porto seguro”. Esta ideia está muito associada ao “mito do amor romântico” que já rendeu outro texto.

Em meu exercício de desapego e de busca pelo amor genuíno, eu me peguei pensando sobre essa palavra/sentimento/verbo: amor. E me convenci de que o amor só pode ser algo que surge como uma generosidade muito grande. Como uma disposição enorme em ser o melhor que se pode ser. Por isso dizer que se ama alguém porque é o seu “porto seguro”, é que me parece bem egoísta...

Entendo que dentro de mim, deve haver algo muito importante: uma vontade e um propósito muito grandes que me impulsionem a seguir em frente mesmo quando pessoas e situações não estão mais presentes em minha vida. Não existe a meu ver nenhum “porto seguro” senão a convicção de você tem uma missão e que a está exercendo.

Antes da reflexão e da descoberta da nossa missão e propósito, muita coisa acontece.

E tenho certeza: a primeira sensação de segurança que podemos ter é pelo sentimento de que somos amados. É uma sensação maravilhosa e podemos experimentá-la de diversas formas.Sentir que se é amado, é uma das grandes forças que podemos ter. Mas também pode ser uma ruína se confundirmos apego com amor.

A grande questão, sob meu ponto de vista é que precisamos ter muita força nesse mundo tão complexo e cheio de surpresas. O amor (especialmente o próprio) e o propósito estão entre as coisas mais importantes...  


De posse dessas duas coisas importantíssimas, estaremos seguros(as). Porque mesmo quando sua vida virar de cabeça para baixo, quando você experimentar situações difíceis, complexas e desafiadoras, você terá forças para seguir em frente. Porque o seu “por quê” lhe fará suportar todas as adversidades! 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A Baleia Azul e os desafios contemporâneos


O chamado “Desafio da Baleia Azul” vem tirando o sono de muitos pais e educadores. Ainda não se sabe ao certo como e onde surgiu e nem como se pode ter acesso ao “jogo”. Algumas fontes indicam que o Baleia Azul surgiu na Rússia, onde foi registrada a primeira morte ligada ao desafio. Pelo que foi divulgado na mídia, as pessoas que entram são “selecionadas” a partir de sua participação em grupos e/ou redes voltadas para o tema de suicídio.
Hoje a preocupação é com esse jogo, mas há pouco tempo a inquietação girava em torno do “jogo da asfixia”. Não demorará para que outra “brincadeira” surja. O fato é que precisamos estabelecer relações mais próximas e respeitosas com os jovens, baseadas na compreensão. Precisamos superar essa ideia de que “adolescente é assim mesmo”, “essa fase vai passar”, justificando comportamentos rebeldes e outros indesejáveis como a reclusão. A adolescência é uma fase em que se vive muitos desafios, muitas mudanças físicas, novas experiências e muita experimentação, dúvidas, descobertas e etc. Embora neste período os jovens não queiram os pais por perto o tempo todo, eles precisam do seu apoio, de se sentir amados e protegidos.
E infelizmente, o que tem acontecido é exatamente o contrário, os pais estão cada vez mais distantes dos filhos. Vivemos hoje um distanciamento emocional muito grande. Não estamos preparados para falar sobre a dor, sobre questões existenciais mais complexas como a própria morte. Sobre a depressão por exemplo, uma doença grave que precisa ser tratada.
São alarmantes os números relacionados à tentativa de autoextermínio entre os jovens. Precisamos falar sobre isso. A solução para problemas difíceis como esse, passam pelo diálogo, pela escuta e interesse genuíno por colaborar propondo discussões acerca do tema dentro das escolas, das faculdades, nos grupos de amigos e nas famílias.       
Vivemos em uma era em que temos cada vez mais recursos para nos conectarmos uns aos outros, mas curiosamente temos vivido mais desconectados. Precisamos nos dispor e nos preparar para a verdadeira conexão com o outro. Precisamos encontrar amparo e também oferecer amparo. Os filhos não querem superpais e supermães, eles querem pessoas que se importem, que também falem sobre os seus medos e dificuldades, o que todos precisam na verdade é de um pouco mais de presença e de humanidade, o que representa agir pautando-se em valores como a bondade, a benevolência a compaixão e a empatia genuínas.


Obs.: texto originalmente publicado no pulse pelo meu perfil do Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/baleia-azul-e-os-desafios-contempor%C3%A2neos-cynara-bastos

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...