"Você tem que encontrar sua própria canção para cantar"
Era uma vez um coiote que se sentia esmagado pelas pressões da vida. Tudo o que conseguia era ver uma porção de filhotes famintos, caçadores demais, armadilhas demais. Então um dia ele fugiu, para ficar sozinho. De repente, ouviu as notas de uma melodia suave, ume melodia de bem estar e grande sensação de paz. Seguindo a canção até uma clareira na floresta, deparou com um grande gafanhoto que tomava sol no oco de um tronco e cantava.
- Ensina-me sua canção - pediu o coiote ao gafanhoto. Não houve resposta. Ele tornou a pedir que lhe fosse ensinada a canção. Mas o gafanhoto cedeu calado. Por fim, quando o coiote ameaçou devorá-lo, o gafanhoto cedeu e repetiu a doce melodia inúmeras vezes, até o coiote aprendê-la de cor. Cantarolando sua nova canção, o coiote retomou o caminho de casa. De repente, um bando de gansos selvagens levantou vôo e o assustou. Quando se recobrou do susto, tinha esquecido a melodia.
Assim, voltou à clareira ensolarada na floresta. Àquela altura, porém, o gafanhoto já havia passado pela muda, largara a pele vazia e tomando sol no mesmo tronco e voara para um galho de árvore. O coiote não perdeu tempo em se certificar de que teria a canção para sempre dentro de si. De um só golpe, engoliu a pele do gafanhoto, achando que o bichinho ainda estava lá dentro. Ao retomar o caminho de casa, mais uma vez descobriu que não sabia a canção. Percebeu que não poderia aprendê-la por ter ingerido o gafanhoto. Seria preciso deixá-lo sair e forçá-lo a lhe ensinar a melodia. Pegando uma faca, deu um corte na barriga para soltar o gafanhoto. Cortou tão fundo que morreu. (Autor desconhecido)