Estudando sobre a resiliência descobri coisas interessantes e por isso compartilho...
Entre as décadas de
70 e 80, pesquisadores norte-americanos e ingleses voltaram sua atenção para as
pessoas - em especial crianças, que passavam por severas dificuldades, mas
permaneciam saudáveis. Chamaram-nas de invulneráveis e o fenômeno de
invulnerabilidade. Posteriormente, esse termo foi substituído por resiliência.
Entre os
pesquisadores ingleses e norte-americanos precursores dos estudos sobre a resiliência,
e os brasileiros e outros falantes da língua latina, há diferenças na maneira
de se entender e apresentar as origens do tema e também em suas concepções de
resiliência. Os pesquisadores brasileiros de um modo geral, afirmam que a ideia
por traz do termo veio da física, mais especificamente do tema sobre
resistência dos materiais, sendo que os pesquisadores norte-americanos e
ingleses, nunca mencionaram qualquer relação com esta disciplina.
Verifica-se que
dicionários da língua portuguesa e inglesa apresentam significativas diferenças
ao explicarem o termo. Se procurarmos a
palavra resiliência no dicionário da língua portuguesa, encontramos: “Resiliência
[do ingl. resilience] S.f. 1. Fís. Propriedade pela qual a energia armazenada
em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de uma
deformação elástica. 2. Fig. Resistência ao choque”. Importante ressaltar que até
1990 o termo nem fazia parte do vocabulário coloquial brasileiro. Já nos
dicionários da língua inglesa, as palavras resilience e resiliency ao que tudo
indica, já faziam parte do vocabulário coloquial de falantes desta língua há
mais de 30 anos, com uma significação menos “técnica”, menos ligada à física, e
mais relacionada a fenômenos humanos.
Um artigo de
estudantes da UFMG (informações ao final deste texto) mostra que na verdade o
conceito da física chamado resiliência não é o mais adequado para denominar o
que se chama de resiliência no campo de pesquisa brasileiro e latino, sendo
mais adequado neste caso o conceito de “elasticidade”. O artigo mencionado
explica mais detalhadamente a razão.
Para os falantes da
língua inglesa, a palavra já era conhecida – fora do âmbito da resistência dos
materiais – e provavelmente foi escolhida por ser considerada adequada para
designar os fenômenos que eram estudados e que abrangiam capacidade de resistência
a pressões e estresses.
A resiliência no
entendimento dos latinos (incluindo brasileiros) está relacionada à resistência
ao estresse, mas também aos processos de recuperação e superação de abalos emocionais
causados pelo estresse.
Pensando sobre essas
definições, a de origem anglo-saxônica e a de origem latina, eu fico pensando
se é realmente possível passar por grandes reverses na vida e permanecer
impassível. Acredito que é totalmente possível passar por situações adversas e
superá-las e que podemos lançar mão de diversas estratégias e recursos para
isso, mas tenho dúvidas se a resiliência tal como entendida pelos
norte-americanos realmente existe, ou se na verdade essas pessoas que se
apresentam resistentes ao estresse, não têm suas marcas internas. Creio que podemos
sempre escolher entre sucumbir ou seguir em frente. Mas tudo o que vivemos,
positivo ou negativo, deixa marcas em nós e não há como fugirmos disso.
Adoto então o
seguinte conceito de resiliência: a capacidade de superar e enfrentar adversidades
de forma saudável. Saber buscar e utilizar recursos e estratégias para a
superação de problemas e outras situações estressantes, sem se entregar.
Artigo mencionado: A
construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens - Disponível
em: www.scielo.br/paideia
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