Estive pensando sobre a enorme
diferença que há entre ser humilde e ter baixa autoestima. Existe um risco enorme a meu ver, em se agir
baseando nossas ações na humildade ou na baixa autoestima. E eu sou um exemplo
vivo disso, pela história que passo a lhes contar:
Logo que me formei, minha
primeira experiência como profissional da área da psicologia me rendeu em
poucos meses uma experiência de coordenação e em pouco menos de um ano, a responsabilidade
de construir uma equipe e trabalhar com ela para que um projeto fosse retomado
e outro atingisse melhores resultados. Somado a isso, dada a minha
disponibilidade e a crença de que eu podia fazer sempre mais – outras
atribuições adjacentes.
Tive, junto a minha equipe resultados
importantes e sinto que verdadeiramente fiz diferença na vida de algumas
pessoas e fundamentalmente eu pude amadurecer e perceber mais valor em mim. Ocorre que depois de dois anos e
meio trabalhando nesta instituição eu me senti muito sobrecarregada e
insatisfeita com as perspectivas que eu teria de desenvolvimento na minha
profissão.
Deixando este espaço que me
trouxe tanto aprendizado e onde pude deixar um pouco de mim, saí com a sensação
de que minha experiência como líder havia sido precoce. Neste sentido, achei
que eu deveria buscar cargos nos quais eu pudesse ter a experiência de agir
pondo a mão na massa, cargos menos estratégicos.
Tive alguns feedbacks que me fizeram
ver o que tinha errado naquele período, e outros que me diziam de coisas
positivas que haviam ocorrido em minha jornada.
Ainda sim, segui naquele intento.
Passei por outros lugares e depois de mais ou menos três anos, comecei a constatar
o que no fundo eu já sabia: Eu estava agindo de forma a ignorar toda a
experiência que eu havia adquirido, antes de me tornar uma psicóloga. Desde os
18 anos eu trabalhava e a formação em psicologia aos 27, veio apenas aprimorar a
profissional que eu já era. Assim, eu entendi que eu tinha e tenho condições de
ser muito mais do que eu tenho sido, mas minha baixa autoestima não me deixava
ver.
Alguns que me conhecem mais de
perto poderão sentir estranheza quando faço esta revelação, mas é a mais
humilde verdade! Muito tive que pensar e refletir para reconhecer isso. E hoje,
mais madura, tenho a consciência do meu valor e posso a partir disso, assumir
uma postura humilde, mas não covarde, o que quase sempre somos, quando não nos
permitimos ser tudo aquilo que podemos ser.
A humildade é algo essencialmente
importante nas relações, mas somente se consegue ser humilde, quando se percebe
o seu verdadeiro valor. Infelizmente, muitas vezes confunde-se humildade com
fraqueza.
Adotar uma postura humilde ao meu
ver, diz de pessoas fortes, que sabem o seu valor, mas reconhecem sua
interdependência. Tendo reconhecido suas virtudes e pontos fortes, toma consciência
do que precisa ser melhorado e assume a responsabilidade por isso.