“Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo”
Talvez nosso maior problema com a
ansiedade seja nossa dificuldade de compreender, ou aceitar o tempo das coisas,
de Deus ou do Universo e nossa insistência em viver em tempos passados ou futuros
e quase nunca no presente.
Comecemos pelo “dar tempo ao tempo”:
não dá para tirar a dor de dentro do peito à força, não adianta ficar abrindo a
porta do forno para olhar o bolo, como isso fosse apressar seu cozimento, não
dá para apressar o tempo para se adquirir competência em algum tema.
Sobre a experiência que leva à
competência, veja o exemplo de Howard Gardner, por exemplo, que relata que demorou
10 anos para se tornar psicólogo, depois que se formou.
Quanto à superação da dor, pensemos
no luto - esse é um processo que precisa ser vivido, para que possamos superar dor,
entendendo que passamos por esses processos, não apenas quando uma pessoa querida
ou animal de estimação morre, mas também quando relacionamentos são encerrados,
quando passamos por uma demissão, quando acontece algum outro grande evento
doloroso em nossas vidas.
Sigamos nossa reflexão: dei ao
título desse texto o refrão da música da Marisa Monte, chamada “Quanto tempo”
“Quanto tempo o tempo tem, eu não sei não lembro muito bem.
Mas aquele sentimento eu não esqueço.”
Quanto Tempo - Marisa Monte
É uma música “simples” mas que me
fez refletir sobre o que é o tempo para mim, sobre a sensação que temos quando
1 minuto parece 1 hora, ou o contrário, sobre o fato de que alguns sentimentos
a gente nunca mais esquece mesmo e ainda, nossa sábia capacidade de apagar as
coisas menos importantes da memória.
Mas nos concentremos agora no fato de que “a dor passa, mas não passa ter doído”*, algumas coisas a gente não vai esquecer mesmo, vai ficar marcado, mesmo depois muito tempo. Isso tudo vai nos fortalecendo, criando experiência, gerando aprendizados que nos permitirão adquirir maturidade.
Acredito que qualquer coisa que
precisemos forçar, insistir de forma excessiva, talvez seja o caso de deixar um
pouco de lado. Talvez o esforço esteja no terreno e no momento errados. Talvez se
deva “dar um tempo”, para refletir, para identificar problemas – e por que não,
encontrar as soluções para a questão.
A gente precisa dar tempo ao tempo,
dar tempo para uma ferida cicatrizar, dar tempo para uma resposta chegar, dar
tempo para os outros processarem as situações e experiências vividas. Nós não
temos todas as respostas prontas, ninguém tem. E cada um, precisa de um tempo
maior ou menor para processar determinadas coisas. Tudo (e também todos) tem
seu tempo.
E já que estamos falando do tempo, lembremos de quão precioso o tempo é, já que pelo menos nesta vida, há um prazo para terminar. Aproveitemos bem o nosso tempo. Não estou falando de produtividade desenfreada ou pura e simples, estou falando sobre aproveitar o tempo para o que é bom pra gente. Da melhor maneira possível. Meu convite aqui é: não faça nada para “matar” ou “passar” o tempo. Faça porque é útil para você, para descansar, para refletir, para lhe fazer crescer e evoluir. Lembremos do ócio criativo, tão bem explorado pelo Domenico de Masi.
Cuidemos
então de respeitar o Sr. Tempo, de dar tempo ao tempo, de aproveitar bem o
tempo que temos, de conhecer nossas necessidades e nossos processos, de respeitar
o nosso jeito de ser e usar o nosso tempo, de compreender os outros e suas
necessidades e de buscar uma experiência cada vez mais lucida e conectada com
as nossas essências verdadeiras.
Antes de terminar, quero lembrar que a ideia “dar tempo ao tempo” também pode remeter à “o tempo cura”, e cura mesmo – mas não é como uma entidade mágica, nós precisamos nos esforçar, refletir, estudar, desenvolver o autoconhecimento, conhecer a situação, conhecer ou compreender as motivações dos outros envolvidos nas situações, as quais buscamos soluções.
“Valeu esperar, o tombo foi grande a volta também
Mas nada é impossível pra quem tem, cada vez
Mais força de vontade pra lutar.”
O Tempo - Maneva
Façamos bom uso do nosso precioso tempo, que não passa, voa e bem rápido!