segunda-feira, 31 de maio de 2021

Custos da vida que a gente não contabiliza

 


Algumas coisas nos custam absurdamente. Mas nem sempre a gente para para pensar nisso. O que é bem grave, sob o meu ponto de vista. Nossos comportamentos nos custam. Nossos pensamentos nos custam. Agir vai custar, ficar na inação, também vai custar. Pensar vai custar, se não pensar também.

Esses custos vão muito além dos financeiros, são energéticos, psíquicos, emocionais, físicos.

As vezes a gente gasta mais energia do que deveria. Se esgota. No trabalho pode chamar Burnout, nos relacionamentos pode ser sinônimo de desgaste, ou até de uma separação.

“De repente” você que dormia bem, passa a dormir mal. Os pensamentos lhe acordam no meio da noite, ou não lhe deixam dormir. Você está cansado demais para descansar. Você vê sua energia se esvaindo e não consegue parar nem assim. Está no limite do seu limite.

Por um sopro divino, você descobre então que pode e até deve desacelerar um pouco. Ou talvez muito. Desacelerar as atividades, os pensamentos. Voltar ao sábio e merecido ócio. Se permitir o descanso – abandonar o descaso – e olhar amorosamente para você, para sua humanidade. Dizer a si mesmo: “está tudo bem em descansar e esvaziar sua mente.”

Não é fraqueza dizer que está pesado, que não dá mais, que a energia se esgotou. Pare. Escute. Se escute: o que continua fazendo sentido? O que não faz mais? Quais acordos precisam ser revistos? O que você não quer mais? O que você quer?

Diga adeus a tudo o que você não quer mais. Se fizer sentido, faça um ritual de despedida dessas coisas. Você pode escrever uma carta e jogá-la em água corrente. Pode deixar essa carta em algum lugar visível, você pode imaginar essas coisas explodindo dentro de um balão e voando pelos ares. 

Depois, declare ao Universo o que você almeja. Visualize todas essas coisas acontecendo, Perceba o que dever fazer, qual á a parte que lhe cabe para que essas coisas aconteçam. Faça novas alianças, novos acordos.

É só quando a gente consegue o devido tempo para refletir, para fazer novos acordos, que a gente consegue evoluir. Espero que entre seus desejos de evolução estejam o cuidado com seu corpo, mente e espírito! 😊

Lembre-se de considerar todos os custos sempre. Esteja especialmente atento aos custos psíquicos, físicos e emocionais. Saiba reconhecer os preços de cada ação ou inação sua, saiba quais você está disposto a pagar e saiba também que, os custos psíquicos e evolutivos da negligência a si mesmo às suas necessidades, como ser único que é, são muito, muito caros.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Afinal, quais são as bases da Síndrome do Impostor e como evitá-la?

 



Insisto neste texto sobre um tema que já está um pouco desgastado, mas pelo que percebo, também pouco compreendido e mal resolvido. Digo isso porque se não entendermos quais são as bases da Síndrome do Impostor e como podemos nos imunizar dela, talvez continue nos assombrando e também, às novas gerações.

Começo pelas origens do drama. Muitos de nós têm uma grande ferida no que tange à autoestima, alimentada muitas vezes pela ideia que desenvolvemos desde a infância de que só seríamos amados se fôssemos perfeitos. Adotamos algumas vozes externas como nossas e essa voz vira nosso crítico interno. Um juiz duro, que avalia tudo, tudo, tudo o que fazemos. Nos dedicamos a ser o “bom filho”, o “bom aluno” e essa ideia vai reverberando ao longo da vida: ser o “bom amigo”, o bom funcionário, o bom líder”.

“Buscar o amor incondicional é como buscar que o outro nos dê a nossa própria consciência. É impossível encontrar o buscado porque a pessoa literalmente, é o que ela está buscando. Enquanto ela não descobrir seu próprio amor incondicional no interior de si mesma, será impossível encontrá-lo no mundo externo. Essa é a raiz da Síndrome do Impostor.”

Observe essa história, contada pelo Fredy Kofman, no livro Metamanagement: Um CEO considerado brilhante por todos que o rodeiam, conta que na véspera do seu primeiro dia na escola primária, estava aterrorizado. Ele acreditava que se não se saísse bem na escola, perderia o amor e o respeito dos seus pais. Sem perceber, ele estava soluçando. Seus pais o ouviram chorar e foram conversar com ele, para entender o que estava acontecendo. Ele se abriu. A resposta dos pais, de acordo com ele, foi carinhosa: “não se preocupe filho, nós sabemos que você vai se sair muito bem na escola.” Só que o que ele queria ouvir era que tudo bem se ele não se desse bem na escola. Ele continuaria sendo amado se falhasse.

Nessa tentativa de conquistar o amor e admiração de quem amamos, alguns se prendem ao mindset fixo, bem explorado pela Carol Dweck que diz em suma: o fracasso deixa de ser um fato (eu fracassei), para uma identidade (sou um fracassado). No fundo, ficamos com a mensagem de que falhar é ruim, mostrar nossas vulnerabilidades é sinal de fraqueza. E quando conquistamos aquilo que nos parece um grande feito, temos medo de perder, ou de não sermos merecedores daquilo, porque no íntimo, criamos uma ideia de que as pessoas que têm êxito nasceram com uma estrela na testa e são infalíveis.

Eu não deveria estar aqui, vão me descobrir, eles vão perceber que eu não sou tão bom assim. Todas essas frases são características das vítimas da síndrome do impostor.

Tendemos a superestimar os outros, vendo-os como super capazes de tudo, inclusive de serem amados, de obterem conquistas, empregos e resultados melhores.

Me diga, você já recebeu um elogio de alguém que você admira muito? Como você se sentiu? Quando eu ainda era acometida pela síndrome do impostor com certa frequência, tendia a quase recusar o elogio.

Com o tempo, fui fortalecendo minha autoestima e comecei a ter conversas significativas com muita gente bacana, corajosa, que atingiu grandes êxitos... e elas me admitiram que também vacilam, têm dúvidas, têm medo e isso me permitiu olhar de forma mais compassiva para mim mesma. 

O vício pela excelência e a perfeição, nos cegam sobre o fato de que somos humanos falíveis.

Você pode se proteger da síndrome do impostor, se assegurando sobre o seu valor. Não se trata de sair buscando novas conquistas, novos cursos, diplomas etc. Enquanto você não reconhecer esse valor aí dentro, você vai chegar no MIT e duvidar da sua competência, aguardando apenas que venham desmascará-lo, como aconteceu com o próprio Kofman.

domingo, 7 de março de 2021

Fábula do Burro | Ensinamentos para a vida

 



Conta-se que um dia, um burro caiu num poço. Não chegou a se machucar, mas não conseguiria sair sozinho de lá. Por isso, chorava bem alto, para que alguém o ouvisse e o tirasse de lá.

 

O dono da fazenda, ficou pensando no que fazer, mas não encontrava uma solução.

 

Até que chegou à conclusão de que o burro já estava muito velho e que, era melhor deixá-lo morrer, a ficar pensado em como tirá-lo de lá. Além disso, também podia aproveitar a situação, para fechar o poço, que já estava mesmo seco e sem valia.

Então, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o burro. Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço.

O burro não tardou a se dar conta do que estavam fazendo com ele e chorou desesperadamente. Porém, para surpresa de todos, aquietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou.

Muitas pás de terra depois, o camponês olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu: 

O burro, estava cada vez mais próximo da saída do poço, pois a cada pá de terra que caía sobre suas costas, ele se sacudia e dava um passo sobre a terra que caía ao chão.

Assim, em pouco tempo, o burro conseguiu chegar até a boca do poço, passou por cima da borda e saiu dali trotando.

Penso que a história do burrinho nos traz algumas lições:

1.     Cuidado com pessoas que se relacionam com você só pela sua utilidade.

2.     Não Importa o que fizeram com você e sim o que você faz com o que fizeram de você.

3.     As vezes você incomoda tanto, que podem querer calá-lo com umas pás de terra, e você deve ficar alerta quanto a isso. Essas pás podem ser feedbacks que lhe diminuem e outras tentativas de apagar a sua luz.

4.     No escuro do poço, pode ser que as coisas lhe pareçam insuportáveis e que você não veja saída. Sugiro que fique atento ás pás de terra, que podem lhe levar a novos patamares! 😊

 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Não tenho olhos para ninguém!

 



Não tenho olhos para ninguém é uma expressão comum, entre os casais apaixonados. E esse tema pode gerar inúmeras conversas importantes.

Eu já disse e vivi coisas parecidas como essa frase. E no meu caso, foi uma experiência nada salutar. Infelizmente, ao não “ter olhos para ninguém” percebi no fim que deixei de ter olhos para mim mesma e para muitas outras questões para as quais deveria ter olhado. Isso impactou negativamente na relação que eu vivia

Sei que pode soar anti-romântico dizer isso. E se estivermos falando sobre o mito do amor romântico – aquele que nos ilude sobre o amor perfeito e à metade da laranja, é mesmo. :)

Sabe, o olhar e essa habilidade tão fundamental de enxergar, que na verdade não precisa tanto dos órgãos chamados olhos, é o que nos permite avaliar nossos relacionamentos, sejam eles de que ordem forem.

Precisamos ser capazes de enxergar toda a beleza, mas também precisamos enxergar a dor, a dificuldade e entender que fazem parte da vida. E mais importante: precisamos olhar continuamente para fora também, de nós, das relações, para que não nos alienemos em modos de ser, de amar, de trabalhar e viver.

Às vezes optamos por pactos de silêncio e cegueira sobre situações e comportamentos que poderiam ser discutidos e melhorados. Mas há o medo, o receio de perder. Algum dia nos ensinaram que quem nos ama de verdade, nos aceita como somos. Que nunca vai dizer ou desejar que mudemos algum aspecto do nosso comportamento. E a gente aprendeu direitinho: seguimos calados e pior, cegos.

Não existe um jeito certo para isso ou aquilo, não existe a pessoa ou a escolha certa. Existe aquilo que faz sentido e é bom para você. E aquilo que é bom para um casal ou grupo que decide viver e/ou trabalhar juntos.

Esteja presente, escolha estar de verdade nos seus relacionamentos, mas mantenha os olhos abertos e olhe sempre para outras direções.

#relacionamentos #amor #dicasrelacionamento

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

O processo de despertar - Eros e Psiquê

 

A jornada da autodescoberta, da evolução pessoal, da autoconsciência é um caminho bem solitário, uma vez que compreende uma viagem profunda ao nosso interior. Mas isso não é motivo para temores, muito pelo contrário.

Dentro de nós há preciosidades que muitas vezes desconhecemos e nos surpreenderão, por sua beleza e força. 

O poema do Fernando Pessoa, intitulado Eros e Psiquê, representa essa importante jornada a meu ver:


Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria


De além do muro da estrada

 

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.

 

A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera.

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.

 

Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado.

Ele dela é ignorado.

Ela para ele é ninguém.

 

Mas cada um cumpre o Destino —

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.

 

E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E, vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora.

 

E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,

E vê que ele mesmo era

A Princesa que dormia.

 

Almejo que sua jornada para a autoconsciência seja maravilhosa e que lhe traga mais plenitude e paz de espírito.

Cicatrizes e Kintsugi: Como aprender com as dores sem se identificar com elas

  Esses dias relendo meus escritos não publicados, refleti sobre a importância das cicatrizes, mas também sobre outro fato igualmente impo...