domingo, 5 de julho de 2020

Ajudar: dominar ou empoderar?



Na maioria das vezes, meus escritos refletem minhas reflexões sobre a minha própria conduta e este texto tem o objetivo de trazer à tona uma tendência que eu sempre tive e tenho, de querer ajudar.

Quando eu tomo a frente de tudo e quando eu digo: “só queria ajudar”, isso pode refletir uma forma de dominação. Se eu parto do princípio de que o outro precisa da minha ajuda, sem que ele a tenha solicitado, já tem alguma coisa errada...

Primeiro, uso meu julgamento para dizer-avaliar que outro precisa de mim. Será?

Segundo, ofereço a minha ajuda porque quero legitimamente ajudar, ou porque quero em alguma medida, dizer ao outro que ele é incapaz de fazer sozinho e por isso, ele precisa da minha ajuda?
Pior: que ele crie uma dependência da minha ajuda, do meu poder de decidir por ele?

Então, devo dizer, a gente precisa ter muito cuidado. Percebi com minhas reflexões que eu posso oferecer ajuda, mas só posso ajudar quem pediu e precisa da ajuda.

Ao ajudar, eu preciso tomar muito cuidado para não criar dependência. Minha ajuda deve ser para empoderar o outro. E não para torná-lo refém do meu apoio. Ao ajudá-lo eu devo permitir que ele seja o próximo a ajudar alguém sobre aquele mesmo tema e outros.

Tentando explicar um pouco mais essa ideia: você conhece alguém que ao se engajar em uma causa está muito mais interessado em se promover do que à causa em si? Está muito mais preocupado em mostrar seu conhecimento, seu poder e sua força?

Na minha experiência, o que percebi é que na minha relação conjugal, eu sempre cuidei de mais do que eu podia e devia, porque eu escolhi isso e porque no fundo, inconscientemente, através dessa ação, eu mostrava o quanto eu era forte e capaz. Será?

O que quero dizer é: ao ajudar uma pessoa, um grupo, uma comunidade, a gente tem que pensar na perenidade dessa ação. Ajudar, não é fazer pelo outro, é fazer junto, ensinar, orientar acompanhar e deixar voar!

Seja seu(sua) filho(a), companheiro(a), colega, seu time ou quem for. 

É bom lembrar que, quem ajuda pode e certamente precisará se ajudado em algum momento, e precisa estar consciente e aberto a isso. Dessa forma, todos se fortalecem e crescem.


Avalie as intenções por trás das suas ações. E se for preciso, reveja, reflita, mude. 


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